O BOM PASTOR

O BOM PASTOR
“Eu sou o Bom Pastor.. O Bom Pastor dá a vida por suas ovelhas”.

domingo, 12 de dezembro de 2010

O Quarto Rei Mago



Vocês sabem a história dos três reis magos que viajaram do Oriente para Belém para adorar a Jesus e lhe ofertar as dádivas de ouro, incenso e mirra.
Vou-lhes contar a história do quarto rei mago que também viu a estrela e resolveu segui-la e do seu grande desejo de adorar o Rei Menino e lhe oferecer as suas prendas.Ele morava nas montanhas da Pérsia e o seu nome era Artaban. Era um médico, alto, moreno, de olhos bem escuros: a fisionomia de um sonhador, a mente de um sábio. Um homem de coração manso e espírito indominável.
Era um homem de posses. A sua moradia era rodeada de jardins bem tratados com árvores de frutas e flores exóticas. Suas vestes eram de seda fina e o seu manto da mais pura lã. Era seguidor de Zoroastro e numa noite se reuniu em conselho com nove membros da mesma seita. Eram todos sábios! Artaban lhes falou sobre a nova estrela que vira e o seu desejo de segui-la. Disse-lhes:
"- Como seguidores de Zoroastro aprendemos que os homens vão ver nos céus, em tempo apontado pelo Eterno, a luz de uma nova estrela e nesse dia, nascerá um grande profeta e Ele dará aos homens a vida eterna, incorruptível e imortal, e os mortos viverão outra vez! Ele será o Messias, o Rei de Israel.
E continuou:
"- Os meus três amigos Gaspar, Melchior, Baltazar e eu, vimos a grande luz brilhante de uma nova estrela á vários dias e vamos sair juntos para Jerusalém para ver e adorar o Prometido, o Rei de Israel. Vendi a minha casa e tudo o que possuo e comprei estas jóias: uma safira, um rubi e uma pérola para oferecer como tributo ao Rei. Convido-os para virem comigo nesta peregrinação para juntos adorarmos o rei!”
Mas um véu de dúvida cobriu as faces de seus amigos:
"- Artaban! Isso é um sonho em vão. Nenhum rei vai nascer de Israel! Quem acredita nisso é um sonhador!"
E um a um, todos o deixaram.
"- Adeus amigo!"
Artaban pesquisando os céus viu de novo a estrela.
"- É o sinal!" Disse ele. "- O Rei vai chegar e eu vou encontrá-lo."
Artaban preparou o seu melhor cavalo, chamado Vasda, e de madrugada saiu ás pressas, pois, para encontrar no dia marcado com Gaspar, Melchior e Baltazar, que já estavam a caminho, ele precisava cavalgar noite e dia. Já estava escurecendo e ainda faltavam mais ou menos três horas de viagem para chegar ao sítio de encontro e ele precisava estar lá antes de meia noite ou os três magos não poderiam demorar mais à sua espera!
“- Mas, o que é isto?”
Na estrada, perto de umas palmeiras, o seu cavalo Vasda, pressentindo alguma coisa desconhecida, parou resfolegando, junto a um objeto escuro perto da última palmeira.
Artaban desmontou. A luz das estrelas revelou a forma de um homem caído na estrada. Um pobre hebreu entre os muitos que moravam por perto. A sua pele estava seca e amarela e o frio da morte já o envolvia. Artaban depois de examiná-lo, deu-o por morto e voltou-se com um coração triste pois nada podia fazer pelo pobre homem.
“- Mas o que foi isto?”
"- Que devo fazer? Se me demorar, os meus amigos procederão sem mim. Preciso seguir a estrela! Não posso perder a oportunidade de ver o Príncipe da Paz só para parar e dar um pouco de água a um pobre hebreu nas garras da morte!"
"- Deus da Verdade e da Pureza, dirige-me no teu caminho santo, o caminho da sabedoria que só tu conheces!"
E Artaban carregou o hebreu para a sombra de uma palmeira e tratou-o por muitos dias até que êle se recuperou.
"- Quem és tu?" perguntou ele ao mago.
"- Sou Artaban e vou a Jerusalém à procura daquele que vai nascer: O Príncipe da Paz e Salvador de todos os homens. Não posso me demorar mais, mas aqui está o restante do que tenho: pão, vinho, e ervas curativas."
O hebreu erguendo as mãos aos céus lhe disse:
"- Que o Deus de Abraão, Isaac e Jacó o abençoe; nada tenho para lhe pagar, mas ouça-me: Os nossos profetas dizem que o Messias deve nascer, não em Jerusalém mas em Belém de Judá."
Assim, já era muito mais de meia noite e vários dias mais tarde quando Artaban montou de novo o seu cavalo Vasda e num galope rápido prosseguiu ao encontro de seus amigos.
Aos primeiros raios do sol, checou ao lugar do encontro. Mas... onde estavam os três magos? Artaban desmontou e ansioso, estudou todo o horizonte. Nem sinal da caravana de camelos dos seus amigos! Então entre uma pilha de pedras achou um pergaminho e a mensagem:
"- Não pudemos esperar mais, vamos ao encontro do Rei de Israel. Siga-nos através do deserto."
Artaban sentou-se e cobriu a cabeça em desespero!
"- Como posso atravessar o deserto sem ter o que comer e com um cavalo cansado? Tenho mesmo que regressar à Babilónia, vender a minha safira e comprar camelos e provisões para a viagem. Só Deus, o misericordioso, sabe se vou encontrar o Rei de Israel ou não, porque me demorei tanto ao mostrar caridade,"
Artaban continuou a via pelo deserto e finalmente chegou em Belém, levando o seu rubi e a sua pérola para oferecer ao Rei. Mas as ruas da pequena vila. pareciam desertas. Pela porta aberta de uma casinha pobre, Artaban ouviu a voz de uma mulher cantando suavemente. Entrou e encontrou uma jovem mãe acalentando o seu bebé.
Três dias passados Ela lhe falou sobre os três magos que estiveram na vila a que disseram terem sido guiados por uma estrela ao lugar onde José de Nazaré, sua esposa Maria, e o seu bebé Jesus estavam hospedados. Eles trouxeram prendas de ouro, incenso e mirra para o menino. Depois, desapareceram tão rapidamente quanto apareceram. E a família de Nazaré também saiu à noite, em segredo, talvez para o Egito.
O bebê nos seus braços olhou para o rosto de Artaban e sorriu estendendo os braçinhos para ele.
“Não poderia essa criança, ser o Príncipe Prometido? Mas não! Aquele que procuro já não está aqui e eu preciso encontrá-lo no Egito!”
A Jovem mãe colocou o bebê no leito e preparou um almoço para o estranho hospede que veio à sua casa. Subitamente, ouviu-se uma grande comoção nas ruas: gritos de dor, o chorar de mulheres, tocar de trombetas e o clamor:
"- Soldados! os soldados de Herodes estão matando as nossas crianças!"
A jovem mãe, branca de terror escondeu-se no canto mais escuro da casa, cobrindo o filho com o seu manto para que ele não acordasse e chorasse.
Mas Artaban colocou-se em frente à porta da casa impedindo a entrada dos soldados. Um capitão aproximou-se para afastá-lo. A face de Artaban estava calma como se estivesse observando as estrelas. Fitou o soldado um instante e lhe disse:
"- Estou sozinho aqui, esperando para dar esta jóia ao prudente capitão que vai me deixar em paz.”
E mostrou o rubi brilhando na palma da sua mão como uma grande gota de sangue.
Os olhos do capitão brilharam com o desejo de possuir tal jóia!
"- Marchem, Avante!" Gritou aos seus soldados. "- Não há criança aqui!"
E Artaban olhando os céus orou:
"- Deus da Verdade, perdoa o meu pecado! Eu disse uma coisa que não era, para salvar uma criança. E duas das minhas dádivas já se foram. Dei aos homens o que havia reservado para Deus. Poderei ainda ser digno de ver a face do Rei?"
E Artaban prosseguiu na sua procura entre as pirâmides do Egito, em Heliopólis, na nova Babilónia às margens do Nilo... Numa humilde casa em Alexandria, Artaban procurou o conselho de um velho rabi que lhe falou das profecias e do sofrimento do Messias prometido e receitado pelos homens.
"- E lembre-se, meu filho: o Rei que procuras não o vais encontrar num palácio ou entre os ricos e poderosos. Isto eu sei: os que O procuram devem fazê-lo entre os pobres e os humildes, os que sofrem e são oprimidos."
E Artaban passou por lugares onde a fome era grande. Fez a sua morada em cidades onde os doentes morriam na miséria. Visitou os oprimidos nas prisões subterrâneas, os escravos nos mercados de escravos...
Em toda a população de um mundo cheio de angústia ele não achou ninguém para adorar, mas muitos para ajudar! Ele alimentou os que tinham fome, cuidou dos doentes, e confortou os prisioneiros... E os anos passaram... 33 anos.
E os cabelos de Artaban já não eram pretos, eram brancos como a neve nas montanhas. Velho, cansado e pronto para morrer era ainda um peregrino à procura do Rei de Israel e agora em Jerusalém onde havia estado muitas vezes na esperança de achar a família de Belém.
Os filhos de Israel estavam agora na cidade santa para a festa da Páscoa do Senhor e havia uma agitação e excitamento singular. Vendo um grupo de pessoas da sua terra, Artaban lhes perguntou o que se passava e para onde o povo se dirigia.
"- Para o Gólgota!" lhe responderam, "- ...pois não ouviste? Dois ladrões vão ser crucificados e com eles, um homem chamado Jesus de Nazaré, que dizem, fez coisas maravilhosas entre o povo. Mas os sacerdotes exigiram a Sua morte, porque disse ser o Filho de Deus. Pilatos O condenou a ser crucificado porque disseram ser Ele o Rei dos Judeus.”
"Os caminhos de Deus são mais estranhos do que o pensamento dos homens," pensou Artaban. "Agora é o tempo de oferecer a minha pérola para livrar da morte o meu Rei!"
Ao seguir a multidão em direção ao portal de Damasco, um grupo de soldados apareceu arrastando uma jovem rapariga com vestes rasgadas e o rosto cheio de terror.
Ao ver o mago, a jovem reconheceu-o como da sua própria terra e libertando se dos guardas atirou-se aos pés de Artaban:
"- Tenha piedade!...”, ela implorou,..."e pelo Deus da pureza, salva-me! Meu pai era mercador na Pérsia mas faleceu e agora vão me vender como escrava para pagar seus débitos! Salva-me!"
Artaban tremeu. Era o velho conflito da sua alma entre a fé, a esperança e o impulso do amor. Duas vezes as dádivas consagradas foram dadas para a humanidade. E agora? Uma coisa ele sabia:
“- Salvar essa jovem indefesa era um gesto de amor. E não é o amor a luz da alma?”
Ele tirou a pérola de junto ao seu coração. Nunca ela pareceu tão luminosa! Colocou-a na mão da moça:
"- Este é o teu pagamento, o último dos tesouros que guardei para o Rei!"
Enquanto ele falava uma escuridão profunda envolveu a terra que tremeu consultivamente! Casas caíram, os soldados fugiram mas Artaban e a moça protegeram-se de baixo do telhado sobre as muralhas do Pretório.
"- O que tenho a temer,” pensou ele," ...e para quê viver? Não há mais esperança de encontrar o Rei, a procura terminou, eu falhei.”
Mas mesmo esse pensamento lhe trouxe paz pois sabia que viveu de dia a dia da melhor maneira que soube. Se tivesse que viver de novo a sua vida não poderia ser de outra maneira.
Mais um tremor de terra e uma telha desprendeu-se do telhado e feriu o velho mago na cabeça. Repousou no chão e deitou a cabeça nos ombros da jovem com o sangue a escorrer do ferimento.
Ao debruçar-se sobre ele, ela ouviu uma voz suave, como música vindo da distancia. Os lábios de Artaban moveram-se como em resposta e ela escutou o que o velho mago disse na sua própria língua:
"- Não meu Senhor! Quando te vi com fome e te dei de comer? ou com sede e te dei de beber? ou quando te vi enfermo ou na prisão e fui te ver?
Por 33 anos eu te procurei, mas nunca vi a tua face, nem te servi, meu Rei!"
E uma voz suave veio, mas desta vez dos céus. A jovem também compreendeu as palavras.
"- Em verdade, em verdade vos digo que quando o fizeste a um destes meus irmãos a mim o fizeste!"
Uma alegria radiante iluminou a face calma de Artaban.
Um suspiro longo e aliviado saiu de seus lábios.
A viagem para ele havia terminado.
O quarto mago, Artaban, compreendeu que havia encontrado o seu Rei durante toda a sua vida!

Henry Van Dyke

O significado do Natal




Natal é comemorado no dia 25 de dezembro porque a data foi retirada de uma festa pagã muito popular existente na Roma antiga, e que fora oficializada pelo imperador Aureliano em274 d. C. A finalidade da festa era homenagear o deus sol Natalis Solis Invicti (Nascimento do Sol Invicto) considerado a primeira divindade do império romano e festejar o início do solstício de inverno. Com o triunfo do Cristianismo, séculos depois, a data foi utilizada pela igreja de Roma para comemorar o nascimento do Cristo (que, efetivamente, não ocorreu em 25 de dezembro), considerado, desde então, como o verdadeiro “sol” de justiça. Com o passar do tempo, hábitos e costumes de diferentes culturas foram incorporados ao Natal, impregnando o de simbolismo: a árvore natalina, por exemplo, é contribuição alemã, instituída no século XVI, com o intuito de reverenciar a vida, sobretudo no que diz respeito aos pinheiros, que conservam a folhagem verde no inverno; o presépio foi ideia de Francisco de Assis, no século XIII. As bolas e estrelas que enfeitam a árvore de Natal representam as primitivas pedras, maçãs ou outros elementos com que no passado se adornavam o carvalho, precursor da atual árvore de Natal. Antes de serem substituídas por lâmpadas elétricas coloridas, as velas eram enfeites comuns nas árvores, como um sinal de purificação, e as chamas acesas no dia 25 de dezembro são uma referência ao Cristo, entendido como a luz do mundo. A estrela que se coloca no topo da árvore é para recordar a que surgiu em Belém por ocasião do nascimento de Jesus. Os cartões de Natal apareceram pela primeira vez na Inglaterra, em meados do século XIX. Os espíritas vêem o Natal sob outra ótica, que vai além da troca de presentes e a realização do banquete natalino, atividades típicas do dia. Já compreendem a importância de renunciar às comemorações natalinas que traduzam excessos de qualquer ordem, preferindo a alegria da ajuda fraterna aos irmãos menos felizes, como louvor ideal ao Sublime Natalício. Os verdadeiros amigos do Cristo reverenciam-no em espírito. A despeito do relevante significado que envolve o nascimento e a vida do Cristo e sua mensagem evangélica, sabemos que muitos representantes da cristandade agem como cristãos sem o Cristo, porque vivenciam um Cristianismo de aparência.
Neste sentido, afirmava o Espírito Olavo Bilac que “ser cristão é ser luz ao mundo amargo e aflito, pelo dom de servir à Humanidade inteira”.3 Chegará a época, contudo,em que Jesus, o guia e modelo da Humanidade terrestre,4 será reverenciado em espírito e verdade; Ele deixará de ser visto como uma personalidade mítica, distante do homem comum; ou mero símbolo religioso que mais se assemelha a uma peça de museu, esquecida em um canto qualquer, empoeirada pelo tempo. Não podemos, contudo, perder a esperança. Tudo tem seu tempo para acontecer. No momento preciso, quando se operar a devida renovação espiritual da Humanidade, indivíduos e coletividades compreenderão que [...] Jesus representa o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo, e a doutrina que ensinou é a mais pura expressão de sua lei. Distanciado dos simbolismos e dos rituais religiosos, o espírita consciente procura festejar o Natal todos os dias, expressando-se com fraternidade e amor ao próximo. Admite, igualmente, que [...] a Doutrina Espírita nos reconduz ao Evangelho em sua primitiva simplicidade, porquanto somente assim compreenderemos, ante a imensa evolução científica do homem terrestre, que o Cristo é o sol moral do mundo, a brilhar hoje, como brilhava ontem, para brilhar mais intensamente amanhã.6 Perante as alegrias das comemorações do Natal, destacamos três lições ensinadas pelos orientadores espirituais, entre tantas outras. Primeira, o significado da Manjedoura, como assinala Emmanuel: As comemorações do Natal conduzem-nos o entendimento à eterna lição de humildade de Jesus, no momento preciso em que a sua mensagem de amor felicitou o coração das criaturas, fazendo-nos sentir, ainda, o sabor de atualidade dos seus divinos ensinamentos.
A Manjedoura foi o Caminho. A exemplificação era a Verdade. O Calvário constituía a Vida. Sem o Caminho,o homem terrestre não atingirá os tesouros da Verdade e da Vida. Segunda, a inadiável (e urgente) necessidade de nos aproximarmos mais do Cristo, de forma que o seu Evangelho se reflita, efetivamente, em nossos pensamentos, palavras e atos. Para a nossa paz de espírito não é mais conveniente sermos cristãos ou espíritas “faz de conta”. Comentando o Natal, assevera Lucas que o Cristo é a Luz para alumiar as nações. Não chegou impondo normas ou pensamento religioso. Não interpelou governantes e governados sobre processos políticos. Não disputou com os filósofos quanto às origens dos homens. Não concorreu com os cientistas na demonstração de aspectos parciais e transitórios da vida. Fez luz no Espírito eterno. Embora tivesse o ministério endereçado aos povos do mundo, não marcou a sua presença com expressões coletivas de poder, quais exércitos e sacerdócio, armamentos e tribunais. Trouxe claridade para todos, projetando-a de si mesmo. Revelou a grandeza do serviço à coletividade, por intermédio da consagração pessoal ao Bem Infinito. Nas reminiscências do Natal do Senhor, meu amigo, medita no próprio roteiro. Tens suficiente luz para a marcha? Que espécie de claridade acende no caminho? Foge ao brilho fatal dos curtos-circuitos da cólera, não te contentes com a lanterninha da vaidade que imita o pirilampo em vôo baixo, dentro da noite, apaga a labareda do ciúme e da discórdia que atira corações aos precipícios do crime e do sofrimento. Se procuras o Mestre divino e a experiência cristã, lembra-te de que na Terra há clarões que ameaçam, perturbam, confundem e anunciam arrasamento...Estarás realmente cooperando com o Cristo, na extinção das trevas, acendendo em ti mesmo aquela sublime luz para alumiar?9 Por último é muito importante aprendermos a ser gratos a Jesus pelas inúmeras bênçãos que Ele nos concede cotidianamente, em nome do Pai, como a família, os amigos, a profissão honesta, a vivência espírita etc., sabendo compartilhá-las com o próximo, como aconselha Meimei: Recolhes as melodias do Natal, guardando o pensamento engrinaldado pela ternura de harmoniosa canção...
Percebes que o Céu te chama a partilhar os júbilos da exaltação do Senhor nas sombras do mundo. [...] Louva as doações divinas que te felicitam a existência, mas não te esqueças de que o Natal é o Céu que se reparte com a Terra, pelo eterno amor que se derramou das estrelas. Agradece o dom inefável da paz que volta, de novo, enriquecendo-te a vida, mas divide a própria felicidade, realizando, em nome do Senhor, a alegria de alguém!...
Marta Antunes Moura – Revista O Reformador

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A ORIGEM DA VIDA DO SER HUMANO E O ABORTO




Dra. Alice Teixeira Ferreira*

Embriologia quer dizer o estudo dos embriões. Entretanto, refere-se, atualmente, ao estudo do desenvolvimento de embriões e fetos.

Surgiu com o aumento da sensibilidade dos microscópios. Karl Ernst von Baer observou, em 1827, o ovo ou zigoto em divisão na tuba uterina e o blastocisto no útero de animais. Nas suas obras, Ueber Entwicklungsgeschiechteb der Tiere e Beabachtung and Reflexion descreveu os estágios correspondentes do desenvolvimento do embrião. Por isto é chamado de "pai da Embriologia moderna".

Em 1839, Schleiden e Schwan, ao formularem a Teoria Celular, foram responsáveis por grandes avanços da Embriologia. Conforme tal conceito, o corpo é composto por células, o que leva à compreensão de que o embrião se forma a partir de uma ÚNICA célula, o zigoto, que por muitas divisões celulares forma os tecidos e órgãos de todo ser vivo, em particular o humano. Com base nestas evidências experimentais, o Papa Pio IX aceitou a concepção como a origem do ser humano, em 1869. Não se trata, portanto, de um dogma religioso, mas da aceitação de um fato cientificamente comprovado. Para não dizer que se trata de conceitos ultrapassados, pode-se verificar que TODOS os textos de Embriologia Humana consultados, nas suas últimas edições, afirmam que o desenvolvimento humano se inicia quando o ovócito é fertilizado pelo espermatozóide. TODOS afirmam que o desenvolvimento humano é a expressão do fluxo irreversível de eventos biológicos ao longo do tempo, que só pára com a morte. TODOS nós passamos pelas mesmas fases do desenvolvimento intra-uterino: fomos um ovo, uma mórula, um blastocisto, um feto. Em todos os textos, os autores expressam sua admiração de como uma célula, o ovo, dá origem a algo tão complexo como o ser humano. Alguns afirmam tratar-se de um milagre.

Em 2002, na revista Nature, Helen Pearson relata os experimentos de R. Gardener e Magdalena Zernicka-Goetz, onde demonstram que o nosso destino está determinado no primeiro dia, no momento da concepção. Mais recentemente, também na Nature (2005), Y. Sasai descreve os fatores/proteínas que controlam o desenvolvimento do embrião a partir da concepção, descobertos por Dupont e colaboradores. O embriologista Lewis Wolpert chega a afirmar que o momento em que o ovo começa a se dividir é o momento mais importante de nossa vida, mais que o nascimento, casamento ou morte.

Tenta-se atualmente, através de uma retórica ideológica, justificar a morte de embriões e fetos com argumentos despidos de fundamentos científicos, tais como: "Não sabemos quando começa a vida do ser humano". Pelo visto acima, não é verdade. "O embrião humano é um montinho de células". Se fossem células comuns, certos pesquisadores não estariam tão interessados nelas. São tão extraordinárias que dão origem a um indivíduo completo. "O embrião humano não tem cérebro e é comparável à morte cerebral". Comparação absurda, pois a morte cerebral é uma situação irreversível — não há maneira de recuperar os neurônios mortos — e o embrião dispõe das células pluripotentes, que vão originar o cérebro. "O embrião com menos de 14 dias não tem consciência porque não tem tecido neural". Mas este argumento decorre apenas e tão somente da separação entre mente/alma e o corpo operada pela filosofia cartesiana.

PRIMEIRA CONCLUSÃO: O ser humano, desde o ovo até o adulto, passa por diversas fases do desenvolvimento (ontogenia), mas em todas elas trata-se do mesmo indivíduo que, continuamente, se auto-constrói e se auto-organiza. Por ser o ciclo do desenvolvimento humano relativamente longo, podemos perder a visão do todo, fixando-nos em suas partes. Daí o surgimento de estatutos que regulam fases da vida humana: o das crianças e adolescentes e o dos idosos. Torna-se necessário agora o "Estatuto dos Embriões e Fetos" ou o "Estatuto do Nascituro", para evitar que os mesmos sejam assassinados por qualquer motivo.

Alguns utilitaristas, frente à realidade destes fatos, passam agora à sociedade a responsabilidade de decidir sobre a morte do embrião e fetos humanos, já que são aceitos transplantes de órgãos de um indivíduo com morte encefálica. Contrapondo, há católicos, evangélicos, espíritas, budistas que, por motivação religiosa, têm a obrigação de se colocarem em defesa de uma população tão vulnerável como a dos nascituros, em defesa, enfim, da dignidade humana.

Assim, ser a favor da descriminalização do aborto equivale a ser conivente com o assassinato de embriões e fetos que, como vimos, já são vidas humanas. E, com isso, não há como concordar.

Atualmente, não se discute a realidade dos fatos biologicamente comprovados. Aceita-se que se está matando um ser humano através do aborto. Buscam agora justificativas "sociais" e para isto dão números falsos: O DataSUS relata 115 mortes de mulheres em 2004, no Brasil, causadas por aborto (a pesquisa não especifica se foram abortos provocados, ilegais, etc.). São enganosas as estatísticas de milhões de mortes referidas pelos que são favoráveis ao aborto.

Com relação às mulheres grávidas pobres das favelas de São Paulo, e principalmente as adolescentes, quando entrevistadas, afirmaram que seus filhos são desejados, recusaram o aborto. Querem atendimento médico e melhores condições de vida para criar seus filhos.

Ao precário atendimento do SUS quer se acrescentar o aborto. Nesta fila de espera, a gestante que deseja abortar poderá dar à luz a criança quando chegar a sua vez de ser atendida. Além disso, com tantos problemas de saúde mal atendidos ou mal resolvidos pelo SUS, não há sentido em priorizar o aborto, como querem as feministas.

Quanto às vítimas de estupro, que já sofreram um ato de grande violência, não tem cabimento se propor outro ato de igual violência, como o aborto. Num levantamento realizado em 2004 na UNIFESP, verificou-se que 80% destas mulheres grávidas por estupro se recusaram a abortar, e estão contentes com os filhos, enquanto que as 20% que realizaram o aborto estão arrependidas.

SEGUNDA CONCLUSÃO: Não há justificativas, seja éticas, seja científicas ou sociais, para se legalizar este proposto holocausto em nosso país.

* Dra. Alice Teixeira Ferreira
Médica formada em 1967 na Escola Paulista de Medicina, Livre Docente de Biofísica e coordenadora do Núcleo Interdisciplinar de Bioética da UNIFESP.

MELATONINA E DOENÇAS NEUROLÓGICAS




Por Dr. Mario F. P. Peres

As mudanças comportamentais que ocorrem de acordo com o ritmo de 24 horas nos seres vivos é uma das características mais proeminentes da vida no planeta Terra. O sistema nervoso, tanto em organismos simples quanto complexos, se desenvolveu ao longo dos milênios para atender às demandas de variações tempo dependentes relacionadas ao ciclo claro-escuro. A glândula pineal e a melatonina têm importância fundamental nos mecanismos de adaptação do organismo ao meio ambiente, cuja insuficiência pode estar relacionada com a gênese de diversos processos patológicos, incluindo as doenças neurológicas. A melatonina age como um transdutor neuroendócrino, transformando as informações externas referentes ao ciclo noite-dia em sinais bioquímicos que modulam a organização tempo-dependente de funções autonômicas, neuroendócrinas e comportamentais (Arendt, 2003).

A melatonina (N-acetil-metoxitriptamina) foi caracterizada em 1958, é uma indoleamina conhecida hoje como o maior produto secretório da glândula pineal, que é um órgão de linha média no cérebro, de até 8mm, localizado abaixo do esplênio do corpo caloso.

A regulação da secreção de melatonina na pineal é singular, diferente de outras glândulas, ela não é influenciada por outros hormônios secretados por outras glândulas ou células, e sim, o grande regulador da produção de melatonina é o ciclo claro/escuro, dia/noite ambiental, sendo um órgão final do sistema visual. A melatonina é produzida somente durante a noite, a luz tem efeito paradoxal na sua produção, estimula quando é recebida de dia e inibe à noite. O núcleo supraquiasmático no hipotálamo (que constitue o relógio biológico) recebe a informação luminosa via axônios do trato retino-hipotalâmico e através da norepinefrina, via receptores beta-adrenérgicos, estimula a produção de melatonina no pinealócito.

A secreção de melatonina diminui com a idade, portanto uma série de eventos biológicos ligados ao envelhecer podem ser relacionados com esta diminuição. Outros aspectos importantes da melatonina incluem o seu efeito oncostático, sua interação com o sistema imune, gonadotrófico, seu potente efeito antioxidante, sua modulação do sistema dopaminérico, serotoninérgico, sua potencialização da analgesia opióide e da neurotransmissão de GABA, sua implicação na produção de óxido nítrico e controle neurovascular.

Várias são as doenças do ritmo biológico, também chamadas de dissincronoses. Podem ser de origem externa ou ambiental, devido ao estilo de vida do indivíduo, tal como na síndrome dos trabalhadores em turno trocado, no jet lag (distúrbio secundário ao deslocamento rápido de fuso horário) e na mal-adaptação à mudança do horário de verão/inverno. A síndrome do atraso e avanço da fase de sono, os distúrbios de ritmo em cegos, e a síndrome de Smith Magenis têm origem endógena. Outras doenças como a depressão sazonal, depressão bipolar, esclerose múltipla, síndrome pré-menstrual, enxaqueca e cefaléia em salvas apresentam marcado componente cronobiológico, com uma variação nítida de seus sinais e sintomas de acordo com ritmos circadianos ou circanuais .

Diversas doenças neurológicas, além naturalmente dos distúrbios de sono, sofrem influência clínica relevante dos ritmos biológicos, tais como as cefaléias, epilepsia, demências, doenças neurovasculares, extrapiramidais, neuromusculares, desmielinizantes e neoplasias.

Algumas cefaléias apresentam nítida ritmicidade circadiana como a cefaléia hípnica e a cefaléia em salvas, outras com variação circanual, a cefaléia em salvas e a enxaqueca cíclica, e por último, a enxaqueca menstrual com ritmicidade mensal.

Muitos efeitos biológicos da melatonina a caracterizam como uma potencial candidata a fisiopatologia e tratamento da enxaqueca. Seus efeitos são de potencializar o GABA, inibir o glutamato, varrer óxido nítrico, modular ação da serotonina, dopamina e analgesia opióide, agir como anti-inflamatório, além de ter estrutura molecular à indometacina, molécula de muito interesse na área das cefaléias. Recentemente, mostramos que a melatonina 3mg foi eficaz na prevenção da enxaqueca.

Na enxaqueca, níveis diminuídos de melatonina e alteração na sua curva de secreção foram detectados. Clinicamente, crises podem ocorrer à noite, mudanças de ritmo de sono desencadeiam crises de enxaqueca, pacientes com enxaqueca dormem menos, têm latência maior, e mais despertares noturnos. Em estudo por nós realizado, foi observado em pacientes com enxaqueca crônica alteração dos níveis de melatonina com avanço do seu pico, níveis menores em insônia, apontando para uma disfunção cronobiológica.

Outro estudo em 200 pacientes com enxaqueca episódica e crônica revelou que 93 pacientes (46,5%) relataram crises após mudarem seu horário de sono, 28 pacientes (14%) relataram trabalho em turno trocado, 86% com piora da cefaléia. Oitenta e seis pacientes (43%) relataram frequentes viagens cruzando fusos horários, 79% com piora da cefaléia.

Cefaléia após trabalho em turno trocado correlacionou com fadiga e queixas de memória. Cefaléia após viagem cruzando fusos horários correlacionoou com queixas de concentração e memória. A fase de sono (22:22 hs +- 01:17) esteve significativamente atrasada (22:46 hs +- 01:20 hs) p<0,001, sendo que 108 pacientes (54%) mudaram a fase de sono, variando de -02:30 hs to + 05:00 hs. A maioria dos pacientes (75, 69%) atrasaram, enquanto 33 (31%) avançaram a fase de sono. Atrasos ou avanços maiores que 02:00 hs representaram 12,5% dos pacientes .

Na cefaléia em salvas, há importância da melatonina e ritmicidade bem estabelecida. Um estudo duplo-cego controlado placebo mostra que a melatonina é superior a placebo em cefaléia em salvas episódica e crônica. Os níveis de melatonina encontram-se diminuídos em pacientes com cefaléia em salvas. A relação entre cefaléia em salvas e aumento de temperatura, é provavelmente mediada pela alteração da secreção de melatonina.

Em epilepsia, a variação circadiana é também importante. Em geral crises generalizadas tendem a ocorrer mais durante o dia, enquanto crises secundariamente generalizadas ocorrem mais durante o sono. A dependência das crises em relação ao tempo diminuem com a idade, juntamente com a diminuição da secreção da melatonina. A melatonina mostra ação antiepiléptica tanto em modelos experimentais quanto como em humanos, com provável mecanismo gabaérgico. Em pacientes com demência, o aparecimento de agitação no final do dia, o fenômeno de “sundowning” vem sendo tratado com sucesso melatonina. Níveis anormais de melatonina podem aparecer já na fase pré-clínica. Em modelos experimentais de Alzheimer, observou-se aumento da sobrevida e diminuição das lesões patológicas.

A melatonina tem potente ação varredora de radicais livres, tendo importância como substância neuroprotetora. Em modelos experimentais de isquemia, houve redução da área afetada com a sua administração, além de propiciar diminuição do edema, melhor recuperação de déficits neurológicos. Ocorre também no acidente vascular cerebral uma variação sazonal e circadiana dos eventos.

Melatonina modula a ação da dopamina, inibindo a sua liberação, desta forma potencialmente interfere em distúrbios do movimento. Há estudos mostrando alterações dos níveis de melatonina em doença de Parkinson, benefício em discinesia tardia, e devido a sua ação neuroprotetora, pode atuar como adjuvante no tratamento da doença de Parkinson. Distúrbios comportamentais do REM em doença de Parkinson e demência de Lewy tiveram melhora com o uso de melatonina.

A interação das doenças neurológicas com os efeitos biológicos da melatonina consiste em uma avenida de investigação científica, com uma potencial perspectiva de melhor entendimento dos mecanismos fisiopatológicos e de um manejo terapêutico mais adequado.
( Associação Médico Espírita - AME/SP )

ESTRESSE E ESPIRITUALIDADE




Por Dra. Marlene Rossi Severino Nobre

Para o grande público, estresse é uma situação psicologicamente agressiva que repercute no corpo. Este, porém, é apenas um dos aspectos do estresse, a sua versão psicossomática, há outros, porém, a serem considerados. Na verdade, o ser humano vive em estado de estresse permanente, bombardeado por fatores estressantes diversos - físicos, psico-emocionais, e espirituais - que lhe exigem constante adaptação ao mundo que o cerca.

Os fatores estressantes emocionais tanto podem ser tristes, como a morte de um ente querido, o desemprego, quanto felizes, como o sucesso do atleta ou as alegrias do reencontro - todos desencadeiam, do mesmo modo, os mecanismos e as conseqüências do estresse. O mesmo acontece em relação aos abalos nervosos, como no estado de cólera, medo, etc., assim como frente aos fenômenos físicos nocivos -frio, calor, fadiga, agentes tóxicos ou infecciosos, jejum, exercícios físicos exagerados, etc.

Na verdade, o estresse é a resposta não específica que o corpo dá a toda demanda que lhe é feita. Ele corresponde à interação entre uma força e a resistência do organismo a esta força. É o complexo agressão-reação.

Se a agressão é ocasionada por uma grande diversidade de fatores, a reação comporta uma parte idêntica, comum a todos os indivíduos, e uma parte própria de cada um, denominada "coping" ou aspecto específico da reação não específica.

A medicina hoje considera a doença como sendo a resultante da agressão mais a reação não específica, mais reação específica. Isto pode ser resumido em estresse mais coping. Desse modo, considera-se a originalidade própria das reações específicas ao agente estressor, superpostas às reações não específicas do estresse, criando a diversidade dos aspectos clínicos.

Em 1936, Hans Selye, descobridor do estresse, publicou os seus primeiros trabalhos sobre o assunto. Em 1950, descreveu a Síndrome Geral de Adaptação - Reação de Alarme, estágio de Resistência e de Exaustão - com seus aspectos bioquímicos e endócrinos, mostrando qual a reação não específica do organismo às agressões do mundo exterior. Para ele, a intensidade da demanda, a duração e a repetição determinam a resposta. E condiciona o bom ou o mau estresse à eficiência ou não da fase de adaptação. Para Selye, todo indivíduo tem um capital de energia biológica diferente e pode consumir suas reservas conforme tenha maus estresses.

Na reação de alarme, a primeira resposta do organismo ao estresse, entra em ação o sistema hipotálamo-simpático-adrenérgico que prepara o organismo para a luta ou fuga. Entram em jogo a adrenalina e a noradrenalina, com isso, há muita produção de glicogênio, taquicardia, respiração acelerada, concentração do sangue nos vasos principais e nos músculos estriados, inibição dos sistemas digestivo, sexual e imunológico.
Depois disso, outro sistema vai entrar em jogo, o hipotálamo - hipófiso-suprarrenal com produção de ACTH e corticóides.
Esses sistemas entram em funcionamento na fase de reação e o organismo pode sofrer esgotamento ou entrar na fase de exaustão, tendo como resultado final doença e morte. São inúmeras as doenças de adaptação, entre elas, hipertensão, úlcera, hemorróidas, ataques cardíacos, acidente vascular cerebral, diabetes, enxaqueca, etc.

Hoje, como avanço dos estudos, considera-se o sistema limbo-hipotálamo-hipófiso-suprarrenaliano (LHHS). Através do hipotálamo na zona parvocelular mediana do núcleo paraventricular (NPV), são liberados o CRF, o Fator de liberação corticotrófico (Corticotrophin Releasing Factor) e a Argenina Vasopressina (AVP) - que determinam a liberação de ACTH pela hipófise e esta o cortisol pela suprarrenal.
Com vemos, o estresse está ligado ao centro das emoções no hipotálamo, assim é importante o estudo de fatores como o medo, a raiva, etc, nos seus mecanismos e reações. Assim, quando o indivíduo sente raiva, por exemplo, é como se ele estivesse diante de um predador, de um perigo iminente e isto desencadeia a reação.

Como vimos, cada indivíduo tem uma reação específica frente ao estresse. Ele coloca suas estratégias de ajuste cognitivas e comportamentais, o "coping", para fazer face aos agentes estressores.

As pesquisas têm demonstrado que doenças como depressão estão absolutamente ligadas ao estresse. Investigação ampla, realizada em 52 países, da qual participou o dr. Alvaro Avezum, do Brasil, acerca dos fatores de risco da doença cardíaca, demonstrou que os psico-sociais entram em mais de 30% dos casos.

O estresse é o campo da medicina que reunifica corpo e alma. O seu estudo está, portanto, intimamente ligado à espiritualidade.
Segundo as lições espirituais dadas em 1947, no livro No Mundo Maior, o nosso cérebro tem três áreas distintas: a inicial, onde habita o automatismo e que está no plano subconsciente, a do córtex motor que engloba as conquistas do hoje e está na área do consciente e a dos lobos frontais que representam o ideal e a meta superiores e estão vinculados ao superconsciente. Esta classificação encontra respaldo no livro de Paul Maclean, de 1968, The Triune Brain in Evolution, que nos fala acerca dessas três regiões, afirmando que vemos o mundo através de três cérebros distintos.

Aprendemos também com os Instrutores Espirituais que somos seres em evolução. Quanto mais perto nos encontramos da animalidade mais agimos com instintos e sensações. Com o passar do tempo, e a evolução espiritual conseqüente, passamos a ter sentimentos, sendo o amor, o mais sublimado deles.
Se estamos escravizados aos instintos, a maneira pela qual fazemos face aos fatores estressantes é muito primitiva e resulta quase sempre em um mau estresse.

Aprendemos também que é preciso humildade para vencer a animalidade inferior. Infelizmente, porém, em nossas relações em sociedade e no lar estamos muito longe desse sentimento sublime que está intimamente ligado ao amor.

Assim, a fé é importante porque abre as portas do coração para sentir e viver o amor divino em nossas vidas. Através da oração, da meditação, da compreensão do valor da dor, temos a possibilidade de conhecermo-nos a nós mesmos e a reagirmos de forma mais equilibrada às tensões da existência humana. Compreendemos, igualmente, que é preciso treino para o perdão e para eliminação da raiva, da inveja, da mágoa e de outros sentimentos negativos.

A nossa busca da paz para viver no lar, no ambiente de trabalho, dentro da sociedade tem de ser centralizada em Jesus, o Médico da Almas, que afirmou ter a paz verdadeira para nos oferecer. Chico Xavier disse com muita sabedoria: "A paz em nós não resulta de circunstâncias externas e sim da nossa tranqüilidade de consciência no dever cumprido." Para vencer positivamente o estresse é preciso guardar a paz, tê-la como patrimônio. E esta pacificação interior que é responsável pelo sucesso do "Coping", só será uma conquista definitiva quando houver harmonia entre os três cérebros. Para isso, no entanto, é imprescindível não esquecer que é preciso fé em Deus e obediência às Suas Leis.

* Dra. Marlene Nobre é presidente da Associação Médico Espírita do Brasil e Internacional

domingo, 5 de dezembro de 2010

Os Mitos e as Verdades sobre as Células - Tronco


OS MITOS E AS VERDADES SOBRE AS CÉLULAS TRONCO

Dr. Décio Iandoli Júnior*

A questão 353 do Livro dos Espíritos trata do seguinte:

- A união do espírito e do corpo não estando completa e definitivamente consumada senão depois do nascimento, pode considerar-se o feto como tendo alma?

R – O espírito que o deve animar existe de alguma forma, fora dele. Ele não tem, propriamente falando, uma alma, pois a encarnação está somente em vias de se operar; mas está ligado à alma que o deve possuir.

André Luiz nos conta, pela orientação de Alexandre em “Missionários da Luz”, que a encarnação só se completa por volta dos sete anos de idade, porém, ela se inicia na concepção, ou seja, no momento da fecundação do ovócito materno pelo espermatozóide paterno; a partir daí, inicia-se o “continuum” (1), com a construção do corpo físico pelo perispírito, ou como colocou o Dr. Hernani Guimarães Andrade, pelo Modelo Organizador Biológico (MOB).

Sendo assim, não poderíamos ter outra atitude a não ser a de respeitar o indivíduo como ser encarnado desde a fecundação e geração da célula original (o zigoto), evitando interpretações outras que poderiam abrir questão quanto ao momento em que temos ou não temos um ser encarnado, e que tem levado muitos companheiros de doutrina a discutir, equivocadamente, os direitos do embrião.

Sabemos ainda, pela própria descrição da reencarnação de Segismundo, feita no mesmo livro (Missionários da luz) psicografado por nosso querido Chico Xavier, que a ligação fluídica, entre a mãe e o reencarnante, se dá antes mesmo da fecundação, e que o processo de ligação ao zigoto completa este processo de instalação da interface físico-etérica, dando início à reencarnação.

Se unirmos, em laboratório um ovócito e um espermatozóide, pelas técnicas já disponíveis, conseguiremos o desenvolvimento de um embrião, mas não teremos a certeza de que este é viável ou não até o momento de seu implante no útero.

Acreditamos que tal dificuldade se dê, entre outros motivos, pela ausência de um espírito reencarnante ligado a estes embriões, com conseqüente ausência de um MOB, o que inviabiliza a diferenciação celular e a organização espacial do novo corpo em desenvolvimento, interrompendo o projeto biológico.

A “maquinaria” celular, o alto grau de fluido vital das células embrionárias e o automatismo celular conseqüente a estes dois primeiros fatores podem garantir o desenvolvimento inicial deste embrião, antes que se torne necessário o início da diferenciação celular, mesmo na ausência de um espírito reencarnante.

Sendo assim, é teoricamente viável aceitar que, muitos dos embriões concebidos “ in vitro ” não estão dotados de espíritos reencarnantes, entretanto, este raciocínio não da nenhuma margem para acreditarmos que, neste tipo de fertilização, nunca haverá ligação com espíritos, o que só ocorreria no momento do implante no útero, coisa que nem sabemos se é possível ou não.

Classificar todos os embriões concebidos “ in vitro ” como sendo montículos de células desprovidas de espírito não é apenas uma suposição, mas é também, na minha opinião, bastante improvável.
Como vimos, ainda não temos como saber ou afirmar, se determinado embrião tem ou não um espírito reencarnante, contudo, acredito que não estão muito longe os recursos para fazê-lo; seja através da verificação da reprogramação epigênica, que foi relatada no trabalho do Dr. Kevin Eggan (2) e que pode significar a instalação de um novo espírito (3), ou seja pela identificação de campos biomagnéticos utilizando-se um Tensionador Espacial Magnético (TEM) como o que foi idealizado pelo Dr. Hernani Guimarães Andrade (4) . Até lá, não havendo como provar se há ou não um reencarnante ligado àquele embrião, devemos tratá-los todos da mesma forma, ou seja, o benefício da dúvida deve estar, sempre, em favor da vida.

Diante desta constatação, ou seja, da impossibilidade de afirmarmos, utilizando-se dos conhecimentos doutrinários, se há ou não um espírito em determinado embrião, e por não ser este, via de regra, o parâmetro utilizado pela sociedade para tomar suas resoluções éticas, creio que nos resta consultar a ciência e os seus conceitos clássicos para o caso em questão. Devemos buscar na embriologia a resposta à nossa pergunta: O embrião é um ser vivo?

Antes de continuarmos esta argumentação, deve ficar claro que: pela visão da biologia e pela visão legal, até o presente momento, não há, nenhuma diferenciação entre o embrião “ in vivo ” e “ in vitro ”, sendo assim, o que considerarmos para um, devemos considerar para o outro.

Buscando nos livros de embriologia encontramos no primeiro capítulo do “Embriologia Clínica” de Keith L. Moore , a definição de Zigoto como "u ma célula resultante da fertilização de um ovócito por um espermatozóide, e é o início de um ser humano ".

Diante desta afirmação, compartilhada pela grande maioria dos embriologistas, à partir da fecundação, já temos um ser humano vivo que, conseqüentemente, deve ser respeitado e preservado como tal, não cabendo nenhuma “flexibilização” deste conceito, como se tem feito por ai, em prol de interesses outros que não o da ética e da dignidade humana.

Posto isso, colocamos na mesa de discussões um argumento poderoso trazido à tona pelos utilitaristas e materialistas, defendendo o sacrifício dos embriões em nome das vidas que serão resgatadas com o avanço da promissora terapêutica com células tronco.

Um primeiro ponto deve ser considerado antes de adrentarmos aos fatos relacionados com as atuais pesquisas neste campo, ponto este que nos remete a outra questão ética:

Existe uma classificação de vidas, ou seja, existem vidas que valem mais que outras por qualquer motivo? É lícito eliminar uma vida para salvar ou ajudar outras tantas?

Os utilitaristas podem achar que sim, ou seja, um embrião que nem se parece com um ser humano, assemelhando-se a uma ameba ou coisa que o valha, poderia ser destruído sem problemas, para que pudéssemos ver paraplégicos andando, vítimas de acidentes cardiovasculares reabilitados, doentes saindo das filas de transplantes, num grande e poderoso apelo que comove e convence, pois “somente os religiosos radicais poderiam ser contra o avanço da ciência que trará tantos benefícios para a humanidade, simplesmente por imporem seus dogmas irracionais”. Será que a questão se resume a isso?

Convido-os a ver a questão por um outro ângulo, pois se há uma classificação para as vidas, se determinada pessoa vale mais que outra, então seria lícito sacrificar os detentos e assassinos para que doassem seus órgãos, beneficiando cerca de cerca de 6 pessoas cada um, além de diminuir os gastos do estado com o sistema penitenciário. O argumento utilitarista justifica, também, os avanços realizados na neurologia pelo Dr. Mengele, que se utilizava de pessoas que iriam “morrer de qualquer maneira”, para fazer seus experimentos em seres humanos, sem nos esquecermos que os nazistas acreditavam que os judeus tinham menos valor que os arianos.

É possível que o leitor ache minhas colocações muito dramáticas, mas é extremamente importante, em favor da coerência e da verdade, que nós possamos estabelecer conceitos básicos sobre o que é vida, sobre sua valorização, e a partir de então sermos sempre coerentes com estes conceitos, inflexíveis quanto às bases que eles geram, evitando argumentações oportunistas que superficializam a questão para gerar a permissividade que muitos procuram.
Como diz o Professor Alberto Oliva (5): "A crescente transformação do conhecimento científico aponta para o risco de as biotecnologias virem a tratar o homem não como um fim em si mesmo, mas como meio" . O utilitarismo traz de volta o mote romano: " A tua morte é minha vida ".

Estamos diante de uma questão de princípios fundamentais, ou seja, devemos respeitar a vida humana em qualquer circunstância, todos os seres humanos devem ter os mesmos direitos e, finalmente, a vida humana começa no momento da fecundação. Somente estes preceitos primordiais, que já estão estabelecidos há muito, podem nortear nossas decisões sobre as questões bioéticas, do contrário, perderemos todos os limites morais.

O segundo ponto que gostaria de explorar, diz respeito ao atual estágio em que se encontram as pesquisas com as células tronco:

As células tronco são células indiferenciadas, ou seja, células com potencialidade de se transformar em qualquer outro tipo de tecido especializado do organismo, como por exemplo, uma célula de músculo cardíaco, um neurônio, uma célula hepática, etc.

Podemos obter este tipo de células de embriões, as células tronco embrionárias (CTE), ou de nosso próprio organismo, as células tronco adultas (CTA), presentes em todos os nossos tecidos, mas principalmente, na medula óssea.
Inicialmente se pensava que as CTA não teriam a mesma versatilidade que as CTE, e que sua vitalidade seria menor, por isso, teoricamente, as CTE foram apontadas como a melhor opção para o desenvolvimento de técnicas terapêuticas, entretanto, já se caminhou muito com as pesquisas utilizando-se CTA e o que se tem visto é que elas têm a mesma versatilidade das CTE, pois já se pode produzir até células embrionárias a partir de CTA (6), além do que são mais “dóceis” que as CTE, prestando-se facilmente a culturas em laboratório, o que é extremamente importante.

Até o momento, todos os resultados positivos alcançados com células tronco, foram obtidos com as CTA, um dos motivos mais óbvios para tais resultados é que estas células são retiradas do próprio paciente, sendo assim, não são, na maioria das vezes, rejeitadas pelo organismo. As pesquisas com células embrionárias, apesar de terem, teoricamente, maior potencial de diferenciação, não tem trazido bons resultados nos estudos já realizados em animais; a revista Lancet de 10 de julho, traz um artigo de Allegrucci e col , que afirmam que as células tronco de embriões congelados, estão muito longe de serem a mais perfeita fonte de CT para terapia, além do que, foram observados casos de teratomas, um tipo de câncer extremamente invasivo e grave.
Apenas recentemente, um grupo coreano (chefiado pelo Dr. Woo Hwang ) obteve sucesso com a cultura de CTE. Trata-se de uma linhagem celular que, o próprio autor admite, foi conseguida “por acaso”, ou seja, não se sabe como ou porque deu certo, fato que tem trazido como conseqüência, muitas dificuldades para manter e fazer crescer estas culturas. É oportuno que se diga que, as linhagens do Dr. Hwang foram obtidas utilizando-se a clonagem humana(7), para em seguida, utilizar-se estes embriões como doadores de células, o que é mais um aspecto ético a ser considerado, além do que, este ainda é o único caso de sucesso de cultura destas células em laboratório, registrado na literatura.

Parece consenso entre os pesquisadores da área, que a utilização de embriões congelados, devido a um processo chamado de metilação do DNA ao qual são submetidos, dificulta sobremaneira qualquer tipo de tentativa de gerar culturas, passo fundamental para o início dos trabalhos que tentarão chegar à utilização terapêutica destas células, já que, para se ter uma idéia, no auto-transplante de CTA obtidas da medula óssea, utiliza-se em torno de um bilhão de CTs por mililitro, injetando-se 40 mililitros de um concentrado destas células na região lesada através de um cateter introduzido na artéria femoral, seja no caso de infarto do miocárdio ou de doença de Chagas (trabalhos já publicados pelo Dr. Dohmman, do Hospital Pró-Cardíaco, no Rio de Janeiro, e do Dr. Ricardo Ribeiro dos Santos, na Bahia). Podemos concluir, portanto, que o número de CTE obtidas pelos coreanos ainda é irrisório e inútil para as tentativas terapêuticas pretendidas.

Em entrevista à revista “Médico Repórter” de 13 outubro de 2004, a professora Alice Teixeira Ferreira alerta para as dificuldades que tem sido relatadas com as pesquisas com CTE:

“(...)o grupo do Dr. Murdoch, da Universidade de Newcastle, Reino Unido, que é uma das 5 equipes de pesquisa a receberem aprovação para pesquisar em as CTEHs, em seu trabalho publicado agora em setembro na revista Reproduction, 2004Sep:128(3),259-67) afirmam:

-a cultura contínua das CTEHs num estado indiferenciado requer a presença de uma camada de células de roedores e de hormônios de crescimento liberados pelas mesmas, havendo o risco de transferência de patógenos (vírus ou bactérias causadores de doenças). Caso contrário elas começam a se diferenciar descontroladamente, gerando uma mistura de diferentes tecidos, perdendo a sua propalada característica de pluripotência.

-as CTEHs demonstram grande instabilidade genômica e durante o crescimento a longo tempo apresentam modificações funcionais inesperadas;

-as CTHEs quando injetadas nas patas posteriores de roedores imunossuprimidos geram tumores embrionários (teratomas) em 50% dos animais. Estas " descobertas" mostram que esses pesquisadores não entendem nada de Biologia Celular, pois nós, que pesquisamos na área há 15 anos com cultura de células, já evidenciamos todos estes problemas com as chamadas células de linhagem, obtidas de tumores ou desdiferenciadas e eternalizadas.”

A pergunta que se faz neste momento é: Porque dividir a atenção e os recursos entre dois tipos de terapia, ou seja, com CTA e CTE, se apenas o primeiro tem trazido resultados alentadores, além de não ferir nenhum preceito ético?
A Doutora Líliam Piñero Eça(8), pesquisadora da UNIFESP afirma:

“O futuro da ciência está nas células-tronco adultas desde 2001, e no estudo dos fatores epigenéticos, pois as células embrionárias até o momento causam câncer e rejeição”

Assistimos recentemente a votação da lei de biosegurança cercada de uma “pressão social” que, na minha opinião, foi criada sinteticamente por uma exposição assimétrica do tema pela mídia. Acredito que a opinião pública não foi devidamente esclarecida quanto a esta questão, pôde-se ver na televisão, portadores de deficiência física chorando, emocionados, com a aprovação da lei, o que mostra como eles foram iludidos, pois possibilidades teóricas foram colocadas como verdades, alguns pesquisadores chegaram a colocar prazos de 2 a 5 anos para a obtenção de resultados práticos, sendo que não se sabe nem se estes objetivos poderão ser alcançados, quanto mais estabelecer um tempo para que isso ocorra.

Na ciência, não ha como prever resultados, pois ela trata, justamente, de explorar o desconhecido, hipóteses consideradas como verdadeiras por muitos anos, já se mostraram falsas, assim como, objetivos que pareciam inatingíveis, foram alcançados. Trabalhar pelo desenvolvimento da ciência é uma obrigação de todos, estudar todas as possibilidades de progresso também, mas não se podem garantir resultados, principalmente quando estas promessas geram falsas expectativas em pessoas tão sofridas, manipulando suas esperanças.

Criou-se uma ilusão perigosa a respeito do assunto e, conseqüentemente, uma opinião equivocada. O argumento de salvar vidas com porções de células que iriam "para o lixo" é imoral, minimizando e "coisificando" o embrião.

O que mais preocupa, com relação a este tema, é que abrimos um grave precedente, pois agora, o embrião desrespeitado e desclassificado como ser humano, possibilitará tornar lícito também o aborto, tanto que, os grupos pró-aborto tem intensificado muito suas campanhas iniciando a abordagem pela legalização do aborto dos anencéfalos. Recentemente o ministério da saúde divulgou norma facilitando o aborto de vítimas de estupro, não exigindo qualquer tipo de comprovação do fato, e tentando eximir o médico de qualquer responsabilidade legal, abrindo uma brecha para a institucionalização do aborto generalizado.

Já que o embrião congelado não é vida, porque o embrião no útero é? A noção da população sobre o que é um zigoto, um embrião ou um feto é muito pobre, facilitando a campanha em favor do aborto.

Alguns médicos já defendem a interrupção da gestação de fetos portadores de qualquer anomalia, inclusive síndrome de Down. Onde vamos parar? Qual é o limite ético que se estabelecerá?

O que está em questão agora não é o benefício para a ciência e sim o benefício para a humanidade, o que pode não significar a mesma coisa, já que, em termos de ciência, toda e qualquer possibilidade de estudo ou pesquisa, é sempre “benéfica”, pois traz conhecimento, mesmo que este conhecimento seja a constatação de que não é possível atingir as metas inicialmente traçadas por aquela linha de pesquisa; entretanto, devemos levar em consideração as questões éticas, já que os fins não justificam os meios.

Deveríamos estar discutindo a regulamentação da produção de embriões com fins reprodutivos, e o fato de não os utilizar, ou de que eles serão descartados de qualquer maneira, não pode ser justificativa para a utilização dos mesmos com fins científicos.

O que deve ficar bem claro é que, um embrião é considerado, pela própria ciência materialista, como um ser humano vivo, devendo portanto, ser respeitado como tal.

O mundo vai evoluir sempre, pois é este nosso destino inexorável; vamos conquistar tecnologias cada vez mais importantes, entretanto, devemos escolher qual preço estamos dispostos a pagar por isso, quais os caminhos que devemos seguir.

O uso de CTE humanas não é necessário para o avanço da ciência neste momento, acredito que, pelos trabalhos já desenvolvidos com as CTA, chegaremos a grandes conquistas, e o estudo dos fatores epigenéticos, acabarão por nos conduzir ao conceito de "Modelo Organizador Biológico", ou perispírito, o que nos trará a possibilidade de, por exemplo, "construir" órgãos em laboratório à partir de células tronco do próprio paciente, para um "auto-transplante", fundando a “engenharia de órgãos e tecidos”.

A despeito de nosso otimismo e entusiasmo, não percamos a serenidade, nem dispensemos a segurança no avanço da ciência, pois não temos como fazer juízo ético daquilo que não conhecemos completamente.

Sigamos confiantes e dedicados nos estudos e no desenvolvimento das CTA, dominando cada vez mais e melhor suas possibilidades, e enquanto isso, muita prudência e responsabilidade.

Veja o que nos trouxe Emmanuel, pelas mãos de Francisco Cândido Xavier, muito antes de surgirem as possibilidades que atualmente discutimos:

"O homem desejou recursos para mais facilmente abrir estradas e a divina providência lhe suscitou a idéia de reunir areia e nitroglicerina, em cuja conjugação despontou a dinamite. A comunidade beneficiou-se da descoberta, no entanto, certa facção organizou com ela a bomba destruidora de existências humanas.

O homem pediu veículos que lhe fizessem vencer o espaço, ganhando tempo, e o amparo divino ofereceu-lhe os pensamentos necessários à construção das modernas máquinas de condução e transporte. Essas bênçãos carrearam progresso e renovação para todos os setores das aquisições planetárias, entretanto, apareceram aqueles que desrespeitaram as leis do transito, criando processos dolorosos de sofrimento e agravando débitos e resgates, nos princípios de causa e efeito.

O homem solicitou o apoio contra a solidão psicológica e a Eterna Bondade, através da ciência, lhe concedeu o telégrafo, o rádio, o televisor, aproximando as coletividades e integrando no mesmo clima de aperfeiçoamento e cultura. Apesar disso, junto desses nobres empreendimentos, surgiram aqueles que se valem de tão altos instrumentos de comunicação e solidariedade para a disseminação da discórdia e da guerra.

O homem rogou medidas contra a dor e a Compaixão Divina lhe enviou os anestésicos, favorecendo-lhe o tratamento e o reequilíbrio no campo orgânico. Ao lado dessas concessões, porém, não faltam aqueles que transformam os medicamentos da paz e da misericórdia em tóxicos de deserção e delinqüência.
O homem pediu a desintegração atômica, no intuito de assenhorear mais força, a fim de comandar o progresso, e a desintegração atômica está no mundo, ignorando-se que preço pagará o Orbe Terrestre, até que essa conquista seja respeitada fora de qualquer apelo à destruição.

Como é fácil observar, Deus concede sempre ao homem as possibilidades e vantagens que a inteligência Humana resolve requisitar à Sabedoria Divina. Por isso mesmo, as calamidades que surjam nos caminhos da evolução no mundo, não ocorrem obviamente, sob a responsabilidade de Deus.(9)

NOTAS:
1) Para os embriologistas Moore e Persaud, na página 2 do livro “Embriologia Humana” : “O desenvolvimento humano é um processo contínuo que começa quando um oovócito de uma mulher é fertilizado por um espermatozóide de um homem. O desenvolvimento envolve muitas modificações que transformam uma única célula, o zigoto (ovo fertilizado), em um ser humano multicelular. ” (voltar)

2) EGGAN, K., RIDEOUT III, W.M., JAENISCH, R. Nuclear cloning and epigenetic reprogramming of the genome. Science , v. 293, p.1093-98, aug.2001 (voltar)

3) Ver argumentação no capítulo III do livro “A reencarnação como lei biológica” do mesmo autor deste artigo. (voltar)

4) No livro “Espírito, perispírito e alma” encontramos o embasamento teórico deste postulado do Dr. Hernani, e em seu livro “A mente move matéria” no adendo do escrito por Y. Shimizu, encontramos a descrição dos aparelhos TEM e TEEM. (voltar)

5) Retirado de entrevista à revista “Médico Repórter” de 13 outubro de 2004, dada pela professora Alice Teixeira Ferreira, livre doscente de biofísica da UNIFESP/EPM, área de Biologia Celular, estudiosa de CTAs da medula óssea há 6 anos. (voltar)

6) Trabalho realizado pelo Dr. Rudolf Jaenisch, do prestigiado Instituto Whitehead nos Estados Unidos, e pesquisador do mesmo grupo do Dr. Kevin Eggan, já citado anteriormente. Publicado na revista Cell de maio de 2005. (voltar)

7) Esta linhagem foi obtida de 30 embriões humanos pela transferência nuclear das células cúmulos do próprio ovário para os mais de 200 óvulos de suas respectivas doadoras. Obviamente estes 30 embriões humanos tiveram de ser mortos para se obter as suas células, sendo que cada um deles forneceu entorno de 150 células. (voltar)

8) Biomédica, doutora em biologia molecular pela UNIFESP, autora do livro “Biologia molecular, guia prático e didático”. (voltar)

9) Retirado do livro “Busca e acharás”, editora Ideal, 1995.

*Dr. Décio Iandoli Júnior é médico cirurgião, doutor em medicina pela UNIFESP-EPM, professor titular de Fisiologia dos cursos de Biologia, Fisioterapia e Farmácia da UNISANTA em Santos, S.P., professor responsável pela disciplina de Saúde e Espiritualidade do curso de Gerontologia desta mesma universidade, atual vice-presidente da Associação Médico-Espírita de Santos e colaborador do Centro Espírita Dr. Luiz Monteiro de Barros em Santos, S.P. Autor dos livros “Fisiologia Transdimensional”, “Ser Médico e Ser Humano” e “A Reencarnação como Lei Biológica” editados pela FE editora jornalística.

Teoria da Evolução - 150 anos


Charles Darwin tinha a teoria da seleção natural quase pronta desde 1838, mas somente em 1º de julho de 1858, ao lado de Alfred Russell Wallace, resolveu apresentá-la.

A Teoria da Evolução e o Espiritismo são compatíveis?

Charles Darwin, naturalista inglês, nasceu em 12 de fevereiro de 1809, em Shrewsbury. Robert Darwin, seu pai, era Físico, filho de Erasmus Darwin, poeta, filósofo e naturalista. A mãe de Charles, Susannah Wedgood Darwin morreu quando ele contava apenas oito anos de idade.

Com dezesseis anos, Darwin deixou Sherewsbury para estudar medicina na Universidade de Edinburgh. Repelido pelas práticas cirúrgicas sem anestesia (ainda desconhecida na época), Darwin parte para a Universidade de Cambridge, com o objetivo (imposto pelo seu pai) de tornar-se clérigo da Igreja da Inglaterra.

A vida religiosa não agrada a Darwin, e em 31 de dezembro de 1831 ele aceita o convite para tornar-se membro de uma expedição científica a bordo do navio Beagle. Assim, Darwin passa cinco anos (1831 a 1836) navegando pela costa do Pacífico e pela América do sul. Durante este período, o Beagle aportou em quase todos os continentes e ilhas maiores à medida que contornava o mundo, inclusive no Brasil. Darwin fora chamado para exercer as funções de geólogo, botânico, zoologista e homem de ciência. Esta viagem foi uma preparação fundamental para a sua vida subseqüente de pesquisador e escritor. Tanto é verdade que na introdução de seu livro ele assim se refere: "as relações geológicas que existem entre a fauna extinta da América meridional, assim como certos fatos relativos à distribuição dos seres organizados que povoam este continente, impressionaram-me profundamente quando da minha viagem a bordo do Beagle, na condição de naturalista. Estes fatos (...) parecem lançar alguma luz sobre a origem das espécies (...) julguei que, acumulando pacientemente todos os dados relativos a este assunto e examinando-os sob todos os aspectos, poderia, talvez, elucidar esta questão".

Em todo o lugar aonde ia, Darwin reunia grandes coleções de rochas, plantas e animais (fósseis e vivos) enviadas à sua pátria. Imediatamente, após seu regresso à Inglaterra, Darwin iniciou um caderno de notas sobre a evolução, reunindo dados sobre a variação das espécies, dando assim os primeiros passos para a Origem das Espécies. No começo, o grande enigma era explicar o aparecimento e o desaparecimento das espécies.

Assim surgiram, em sua cabeça, várias questões: por que se originavam as espécies? Por que se modificavam com o passar dos tempos, diferenciavam-se em numerosos tipos e freqüentemente desapareciam do mundo por completo?

A chave do mistério Darwin encontrou casualmente na leitura: "Ensaio sobre a População", de Malthus.

Depois disso, nasceu à famosa doutrina darwinista da seleção natural, da luta pela sobrevivência ou da sobrevivência do mais apto - pedra fundamental da Origem das Espécies.

As pesquisas feitas pelo naturalista durante a viagem abordo do Beagle é que fundamentaram sua Teoria da Evolução, servindo de base para o famoso livro Origem das Espécies, cujo título original em Inglês é On The Origin of Species By Means of Natural Selection (Na Origem das Espécies – Sob o Conhecimento da Seleção Natural). A obra foi publicada em 1859, sob o bombardeamento das controvérsias – o que era (é) muito natural: Darwin estava (está) mudando a crença contemporânea sobre a criação da vida na Terra.

No livro Origem das Espécies, Darwin defende duas teorias principais: a da evolução biológica - todas as espécies de plantas e animais que vivem hoje descendem de formas mais primitivas - e a de que esta evolução ocorre por "seleção natural". Os princípios básicos da teoria sobre a evolução de Charles Darwin, apresentados na Origem das Espécies, são quase que universalmente aceitos no mundo científico; embora existam controvérsias em torno deles.

A Origem das Espécies demonstra a atuação do princípio da seleção natural ao impedir o aumento da população. Alguns indivíduos de uma espécie são mais fortes, podem correr mais depressa, são mais inteligentes, mais imunes à doença, mais agressivos sexualmente ou mais aptos a suportar os rigores do clima do que seus companheiros. Estes sobreviverão e se reproduzirão, enquanto os mais fracos perecerão. No curso de muitos milênios, as variações levaram à criação de espécies essencialmente novas.

Após a publicação de sua obra mais famosa, Darwin continua a escrever e publicar trabalhos na área da Biologia por toda a sua vida. Ele passa a viver, com sua esposa e filhos, em Downe, um vilarejo a 50 milhas de Londres. Sofre de síndrome do pânico e mal-de-Chagas, o último adquirido durante sua viagem pela América do Sul. A morte chega em 19 de abril de 1882. Charles Darwin é sepultado na Abadia de Westminster.

Dois tipos biológicos - evoluídos e involuídos


Involuído e evoluído são dois biótipos absolutamente diversos; é natural, pois, que suas atividades dêem lugar a resultados totalmente diferentes, proporcionados ao nível de evolução representado pelo plano de vida de cada um deles. Tudo depende da natureza do biótipo, e cada um deles só pode produzir de acordo com o que é. Dos princípios que regem a vida do involuído e da relativa forma mental que o guia, só pode nascer prepotência, luta, desordem, dor. Dos princípios que regem a vida do evoluído e da forma mental que o guia, só pode nascer harmonia, fraternidade, ordem, alegria.

Passar do mundo do involuído ao do evoluído significa sair da desordem para entrar na organicidade, ou seja num estado resultante de novo modo de conceber a vida, pelo qual as posições de relação social — antes feitas em grande parte de prepotência e injustiça, que só produzem rivalidade e lutas — assumem, na nova organicidade, a função coesiva, sobretudo de unificação. Se a vida antes se baseava só no indivíduo, nesta nova fase ela se fundamenta na coletividade organizada, em que a ordem exclui absolutamente qualquer barulho de injustiças e lutas.

O grau de evolução atingido mede-se pelo grau com que foi eliminado o separatismo e alcançada a unificação. A potência em que vive a luta em nosso mundo é índice claro de quanto ele ainda está atrasado. Aqui, tudo se faz em função da luta, que reaparece a cada momento, em toda manifestação da vida. Em todos os campos é mister levar em conta sempre este princípio do mais forte que quer vencer a todos. Conquista-se o poder, a riqueza, os altos graus sociais, sempre para dominar a luta como vitoriosos. Política, comércio, religião, sob todas as aparências, são substancialmente utilizados como meios para vencer na luta pela vida. E em todos os tempos, lugares e posições sociais se obedece a esta lei, que é lei do plano biológico em que a humanidade está situada.
A passagem que hoje se verifica, do caos à ordem, não consiste apenas numa arrumação de formas, mas também dos princípios que as regem. A organicidade para a qual a evolução leva o mundo, implica por sua natureza seres racionais e presume a inteligência. E essa forma de vida não poderá deixar de ser alcançada pelo homem coletivo do futuro, que chamamos de evoluído.
Do livro "A Grande Batalha" , capítulo 09
Pietro Ubaldi

sábado, 4 de dezembro de 2010

Os Três Métodos de Vida


A existência no plano animal-humano baseia-se na lei da luta pela vida. No entanto, essa não é uma lei universal e definitiva, mas relativa a este plano, destinada a desaparecer com a evolução. Esta transformação corresponde a um processo de saneamento do separatismo, fruto da queda, alcançando a unificação, fruto da reconstrução evolutiva. Neste processo os elementos separados tendem sempre mais a reunir-se até se fundirem, reconstruindo o seu estado orgânico. Temos três fases, possíveis posições, nas quais o homem se encontra:
1ª) Homem isolado, em luta contra a natureza. Método da força e da violência.
2ª) Homem que se reagrupa em sociedade, deve, portanto, lutar menos contra a natureza, mas é rival dos outros componentes do grupo. Desuso do método força-violência e a sua substituição pelo da astúcia-fraude.
3ª) Homem que vive no estado orgânico de coletividade. Tendo, como no método precedente, desenvolvido a inteligência, acaba por compreender quanto é contraproducente o sistema astúcia-fraude e como é vantajoso superá-lo. Então, para alcançar com menor esforço maior bem-estar, adota o método da sinceridade-colaboração.

Segundo as três mencionadas fases de evolução, verifica-se um fato: os meios fraudulentos substituem os violentos e os colaboracionistas substituem os fraudulentos. A humanidade se encaminha para entrar nesta terceira fase. Assim se transformará também para o homem a lei da luta pela vida. A cada passo em frente, no caminho da evolução, diminui primeiro a violência em favor da fraude, mal menor que substitui o maior, a fraude, por sua vez, diminui em favor da sinceridade e colaboração. As religiões e a moral representam a descida dos ideais e trabalham neste sentido, para libertar a humanidade dos métodos fraudulentos da luta pela vida, substituindo-os por um sentimento de solidariedade social, de ajuda recíproca num estado de colaboração e convivência pacífica.

O que impede de se chegar a viver numa posição para todos mais vantajosa, é somente a ignorância. Não há outro método para eliminá-la, senão sofrer as duras consequências do estado atual. Sofrer até ser obrigado a procurar melhor posição e, com a experiência adquirida, encontrá-la mais facilmente. Depois, para permanecer aí, com o desenvolvimento da inteligência, compreender que isso é o melhor. Trata-se de conquistar novas qualidades, porque não adianta sobrepor novos sistemas econômicos, sociais, políticos, a indivíduo imaturos. Desenvolvendo o espírito de associação, trata-se de eliminar o atávico antagonismo individual, de modo que as forças dos indivíduos isolados não se eliminem, destruindo-se numa luta recíproca, mas ao contrário, possam se somar num estado de cooperação. Assim se obtém um rendimento imensamente maior e é muito mais fácil resolver o problema da sobrevivência, biologicamente fundamental.

Do livro "A Descida dos Ideais" , capítulo 01 - Pietro Ubaldi

Ocultismo



Na ciência oculta, a palavra oculto refere-se a um "conhecimento não revelado" ou "conhecimento secreto", em oposição ao "conhecimento ortodoxo" ou que é associado à ciência convencional. Para as pessoas que seguem aprofundando seus estudos pessoais de filosofia ocultista, o conhecimento oculto é algo comum e compreensivel em seus símbolos, significados e significantes. Este mesmo conhecimento "não revelado" ou "oculto" é assim designado, por estar em desuso ou permanecer nas raízes das culturas. Originalmente no século XIX era usado por ter sido uma tradição que teria se mantido oculta à perseguição da Igreja, e da sociedade e por isso mesmo não pode ser percebido pela maioria das pessoas. Mesmo que muitos dos símbolos do ocultismo, estejam sendo utilizados normalmente e façam parte da linguagem verbal ou escrita (p.e. a palavra abracadabra seria uma palavra de poder), permanecem assim, ocultos o seu significado e seu verdadeiro sentido. Desta maneira, tudo aquilo que se chama de "ocultismo" seria uma sabedoria intocada, que poucas pessoas chegam a tomar conhecimento, pois está além (ou aquém) da visão objetiva da maioria, ou de seu interesse. O ocultismo sempre foi concebido desde o início, como um saber acessível apenas a pessoas iniciadas (ou seja, para aquelas que passaram por uma "iniciação"; uma inserção num grupo separado do comum e do popular; ou mesmo uma espécie de batismo, onde as pessoas seriam escolhidas, então guiadas e orientadas a iniciar numa nova forma de compreender e pensar o que já se conhece, supostamente transcendendo-o).

Contudo, sempre houve curiosos de várias época, que foram capazes de especular à respeito do Ocultismo, sem que este conhecimento se tornasse algo comum em suas vidas. Embora o Ocultismo sempre exigisse da pessoa que o estudava, uma posição e atitude pessoal diversa daquela que a maioria das pessoas assumia. Por isso mesmo, que os estudiosos desta filosofia não eram bem vistos (acusados de pagãos, bruxos(as), místicos(as), loucos(as), rebeldes), sendo excluídos, perseguidos e condenados. Com certeza eram em sua maioria, muito mal compreendidos. O ocultismo tem como escopo de estudo o que seriam energias e forças de variados tipos e formas, suas fontes e seus efeitos, assim como os seus canais de atuação e seus efeitos produzidos na consciência do Homem. Segundo os ocultistas a ciência oculta estuda, o contrário da ciência tradicional, a natureza em sua totalidade, assim como as relações entre a natureza e o Homem. Principalmente por professar uma dimensão espiritual, ou sobre-natural, algo que nunca foi empiricamente demonstrado e portanto não reconhecido pela ciência do passado.
Do ponto de vista de quem o professa a percepção do oculto consiste, não em acessar fatos concretos e mensuráveis, mas trabalhar com a mente "transcendendo-se" e o espírito. Ocultismo assim supostamente refere-se ao treinamento mental, psicológico e espiritual que permite um "despertar" de certas faculdades ocultas, o que na visão da ciência ortodoxa consiste em algum tipo de ilusão ou hipnose auto-induzida.



Origens, influências e tradições

O ocultismo teria suas origens em tradições antigas, particularmente o hermetismo no antigo Egito, e envolve aspectos como magia, alquimia, e cabala.Tem relação com o misticismo e o esoterismo e tem influências das religiões e das filosofias orientais (principalmente Yoga, Hinduísmo, Budismo, e Taoísmo).

História

As raízes mais antigas conhecidas do ocultismo são os mistérios do antigo Egito, relacionados com o deus Hermes ou Thoth. Essa parte do ocultismo ou doutrina é tratada no Hermetismo.
Na Idade Média, principalmente na Península Ibérica devido a presença de muçulmanos e judeus, floresceu a alquimia, ciência relacionada com a manipulação dos metais, que segundo alguns, seria na verdade uma metáfora para um processo mágico de desenvolvimento espiritual. Tanto a alquimia quanto o ocultismo receberam influência da cabala judaica, um movimento místico e esotérico pertencente ao judaísmo.
Alguns destes ocultistas medievais acabaram sendo mortos na fogueira pela Inquisição da Igreja Católica, acusados de serem bruxos e terem feito pacto com o diabo. Mas existem trabalhos relacionados à cabala relacionados durante toda Idade Média. E de alquimia na Baixa Idade Média.
O ocultismo ressurgiu no século XIX com os trabalhos de Eliphas Levi, Helena Petrovna Blavatsky, Papus e outros.

História recente e Ocultistas famosos

O ocultismo moderno, cujo ressurgimento deu-se principalmente ao final do século XIX, teve sua parte teórica sistematizada por Helena Petrovna Blavatsky, no que ficou conhecido como Teosofia. Além dela, também são importantes na definição do moderno ocultismo Eliphas Levi, S. L. MacGregor Mathers, William Wynn Westcott, Papus e Aleister Crowley, Anton Szandor LaVey, entre outros.

Eliphas Levi divide as preferência de alguns com Papus como o maior ocultista do século XIX, tendo ambos sistematizado boa parte do que hoje conhecemos como ocultismo prático moderno.

Também devemos lembrar a importância de S. L. MacGregor Mathers e da Ordem Hermética do Amanhecer Dourado ("Hermetic Order of the Golden Dawn"), responsáveis em parte pelo ressurgimento da magia ritualística, e que influenciaram fortemente a maioria dos mais conhecidos e importantes magos e ocultistas do século XX.

Já no século XX destaca-se enormemente a figura de Aleister Crowley, que "criou" um sistema mágico próprio - Thelema que deu origem e influenciou diversas escolas mágicas, também escreveu uma extensa coleção de livros que figuram entre as preferências de ocultistas modernos.

Não podemos esquecer também a contribuição do não tão famoso Franz Bardon com seus poucos, mas valiosos, livros.

Sociedades e fraternidades

Atualmente, as tradições relacionadas com o ocultismo são mantidas por diversas sociedades e fraternidades secretas ou abertas, cuja admissão ocorre por meio de uma iniciação, que é um ritual de aceitação. Esse ritual tem como fundamento uma suposta nova vida que a pessoa deverá alcançar com a iniciação, ela morre simbolicamente e renasce para a vida que passará a ter.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Caminhando de par com o progresso




"Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará". Allan kardec

1. A Formação da vida na Terra

Acredita-se que a vida na Terra tenha surgido há cerca de 2 bilhões de anos, e, segundo a teoria que hoje prevalece (de Oparin e Müller), o primeiro ser vivo surgiu da combinação de elementos químicos presentes na Terra primitiva.

A fim de romper as moléculas dos gases simples da atmosfera e reorganizar as partes em moléculas orgânicas, era preciso energia, abundante na Terra jovem. Existia calor e vapor d'água. Tempestades violentas eram acompanhadas de relâmpagos que forneciam energia elétrica. O Sol bombardeava a Terra com partículas de alta energia e luz ultravioleta. Essas condições foram simuladas em laboratório, e os cientistas demonstraram que assim se produzem moléculas orgânicas. Entre elas, estão alguns aminoácidos, os importantes blocos de construção das proteínas, componentes fundamentais da matéria viva.

Em seguida, na seqüência que conduziu à vida, esses compostos foram levados da atmosfera pelas chuvas e começaram a se concentrar em certas áreas do oceano. Algumas moléculas orgânicas tendem a se agarrar no oceano primitivo, esses agregados provavelmente tomaram a forma de gotas, envolvidos por fina película protetora. Denominam-se esses seres de coacervados. Essas estruturas, apesar de não serem vivas, têm propriedades osmóticas e podem se unir, formando outro coacervado mais complexo. Da evolução destes coacervados, surgem as primeiras formas de vida. Os primeiros seres vivos, segundo se acredita, eram heterótrofos (buscavam o alimento fora deles), habitante das águas, unicelular e com um único sentido: o tato.

Emmanuel, através da mediunidade de Chico Xavier, escreve no livro "A Caminho da Luz" que todo esse processo admirável não foi obra do acaso, resultado de forças cegas, inconseqüentes, e sim, a conseqüência de um trabalho bem elaborado dos Espíritos superiores, responsáveis pelo destino de nosso planeta. Emmanuel nos informa que Jesus (ele mesmo) e sua falange de engenheiros, químicos e biólogos siderais estiveram presentes todo o tempo, acompanhando fase a fase o despertar da vida no planeta. Não podemos também desconsiderar a presença do princípio inteligente (que poderíamos chamar de "Deus") que, como "campo organizador da forma", deve ter exercido um papel preponderante no processo de gênese orgânica.

Emmanuel nos diz:
"E quando serenaram os elementos do mundo nascente, quando a luz do Sol beijava, em silêncio, a beleza melancólica dos continentes e dos mares primitivos, Jesus reuniu nas Alturas os intérpretes divinos do seu pensamento. Viu-se então, descer sobre a Terra, das amplidões dos espaços ilimitados, uma nuvem de forças cósmicas que envolveu o imenso laboratório em repouso. Daí a algum tempo, podia-se observar a existência de um elemento viscoso que cobria toda a Terra. Estavam dados os primeiros passos no caminho da vida organizada."

Este relato, obviamente que de forma romanceada, sugere elementos da Panspermia, teoria marginalizada pela ciencia até poucos anos e que sustenta que o "detonador" da vida na Terra foram elementos provenientes do espaço (trazidos por cometas, meteoritos e nebulosas).

Nas questões 43, 44 e 45 de "O Livro dos Espíritos" (de 1857), a Quimiossíntese e a Teoria dos Coacervados, de Alexander Oparin (de 1936), são prenunciadas pelos Espíritos, com palavras diferentes, mas com a mesma idéia.


2. A Evolução Orgânica

Não mais se discute hoje a realidade do processo evolutivo. A evolução das espécies é um fato inquestionável. Através de processo múltiplos e fenômenos diversos, os primeiros seres vivos, unicelulares e simples, foram os precursores de todas as formas complexas de vida. Mas qual o mecanismo dessa evolução? Duas teorias, agindo conjuntamente, sem se excluírem, tentam explicar a evolução:

Darwinismo: lançado em 1859, por Charles Darwin (No livro "A Origem das Espécies"). O Darwinismo se baseia na seleção natural, ou seja, os seres mais aptos sobrevivem, enquanto os menos aptos desaparecem.

Mutacionismo: teoria que teve em Hugo de Vries seu idealizador, baseia-se no conceito de mutação (toda alteração no patrimônio genético dos seres, que se transmite às espécies descendentes). Segundo essa teoria o aparecimento de espécies novas seria o resultado de várias mutações ocorridas nas espécies anteriores.

Como o macaco se tornou homíneo até hoje é uma incógnita. Nunca encontramos realmente o "elo perdido", a espécie biológica que represente esta transição. Já chegamos bem perto, mas ainda falta "algo". Tal vácuo dá espaço até para teorias de seres alienígenas que ficaram responsável por esta transição, com alterações in vitro e por meio de reprodução controlada inter-espécies (teoria esta não de todo maluca, se formos pesquisar nas lendas dos povos antigos, como os sumérios, índigenas e asiáticos).

Mas vejamos o pensamento de Kardec, em seu tempo, numa ciência ainda fortemente influenciada pelo modelo grego em que beleza = evolução, vemos no livro "A Gênese", de Allan Kardec, cap. 11, a "Hipótese sobre a origem do corpo humano":
Bem pode dar-se que corpos de macaco tenham servido de vestidura aos primeiros Espíritos humanos, forçosamente pouco adiantados, que viessem encarnar na Terra, sendo essa vestidura mais apropriada às suas necessidades e mais adequadas ao exercício de suas faculdades, do que o corpo de qualquer outro animal. Em vez de se fazer para o Espírito um invólucro especial, ele teria achado um já pronto. Vestiu-se então da pele do macaco, sem deixar de ser Espírito humano, como o homem não raro se reveste da pele de certos animais, sem deixar de ser homem.
Fique bem entendido que aqui unicamente se trata de uma hipótese, de modo algum posta como princípio, mas apresentada apenas para mostrar que a origem do corpo em nada prejudica o Espírito, que é o ser principal, e que a semelhança do corpo do homem com o do macaco não implica paridade entre o seu Espírito e o do macaco.
Admitida essa hipótese, pode-se dizer que, sob a influência e por efeito da atividade intelectual do seu novo habitante, o envoltório se modificou, embelezou-se nas particularidades, conservando a forma geral do conjunto. Melhorados os corpos, pela procriação, se reproduziram nas mesmas condições, como sucede com as árvores de enxerto. Deram origem a uma espécie nova, que pouco a pouco se afastou do tipo primitivo, à proporção que o Espírito progrediu. O Espírito macaco, que não foi aniquilado, continuou a procriar, para seu uso, corpos de macaco, do mesmo modo que o fruto da árvore silvestre reproduz árvores dessa espécie, e o Espírito humano procriou corpos de homem, variantes do primeiro molde em que ele se meteu. O tronco se bifurcou: produziu um ramo, que por sua vez se tornou tronco.

O tempo passou, aprendemos coisas como ecosistema, beleza só não põe mesa, a natureza não dá saltos, jacarés e ornitorrincos estão muito bem, obrigado, nada se perde, tudo se transforma, etc. A questão evoluiu no espiritismo pelas mãos de Chico Xavier e Emmanuel, que nos esclarecem que muitas das transformações que se verificaram nos seres foram, anteriormente, promovidas em suas estruturas perispirituais, entre uma existência e outra (ou seja, no plano espiritual!). Os Espíritos construtores, sob a supervisão de Jesus, retocavam, em vezes sucessivas, as formas perispiríticas, e estas alterações criariam o campo magnético para as futuras mutações.

Conta ainda que os seres atuais não tinham, no princípio da vida, suas formas biológicas totalmente definidas. Experiências múltiplas, no patrimônio genético dos nossos antepassados, coordenadas por geneticistas siderais, foram modelando aquelas formas que deveriam persistir até os tempos atuais. A seleção natural se incumbiria de fazer desaparecer as formas primitivas inaptas. Ou seja, uma mistura de Mutacionismo, Design Inteligente e Darwinismo. Interessante.

Emmanuel volta a dizer:
Extraordinárias experiências foram realizadas pelos mensageiros do invisível. As pesquisas recentes da ciência sobre o tipo de Neanderthal, reconhecendo nele uma espécie de homem bestializado e outras descobertas interessantes da Paleontologia, quanto ao homem fóssil, são um atestado dos experimentos biológicos a que procederam os prepostos de Jesus, até fixarem no primata as características aproximadas do homem futuro. Os séculos correram o seu velário de experiências penosas sobre a fronte dessa criatura de braços alongados e de pelos densos, até que um dia as hostes do invisível, operaram uma definitiva transição no corpo perispiritual pré-existente, dos homens primitivos, nas regiões siderais e em certos intervalos de suas reencarnações. Surgem os primeiros selvagens de compleição melhorada, tendendo à elegância dos tempos do porvir.


3. A evolução espiritual

Quanto à origem dos Espíritos, quase nada se sabe. Allan Kardec diz: "Desconhecemos a origem e o modo de criação dos Espíritos; apenas sabemos que eles são criados simples e ignorantes, isto é, sem ciência e sem conhecimento, porém perfectíveis e com igual aptidão para tudo adquirirem e tudo conhecerem. Na opinião de alguns filósofos espiritualistas, o princípio inteligente, distinto do princípio material, se individualiza e elabora, passando pelos diversos graus da animalidade. É aí que a alma se ensaia para a vida e desenvolve, pelo exercício, suas primeiras faculdades. Esse seria, por assim dizer, o período de incubação. Haveria assim filiação espiritual do animal para o homem, como há filiação corporal."

Hoje não resta mais dúvida de que os Espíritos, em sua longa trajetória, têm percorrido os diversos reinos da natureza. O pensamento de Léon Denis, de que "a alma dorme na pedra, sonha na planta, move-se no animal e desperta no homem", está plenamente incorporado ao corpo doutrinário do Espiritismo.

André Luiz, no livro "Mecanismos da Mediunidade" explica que "Temos, hoje, o Espírito por viajante do Cosmo, respirando em diversas faixas de evolução, condicionados nas suas percepções, à escala do progresso que já alcançou". E que tal progresso, estampado no campo mental de cada alma, vai ser condicionado por duas variantes: "o tempo de evolução, ou seja, aquilo que a vida já lhe deu, e o tempo de esforço pessoal na construção do destino, ou seja, aquilo que ele próprio já deu à vida".

No livro "No mundo Maior", André Luiz completa o seu pensamento: "Não somos criações milagrosas, destinadas ao adorno de um paraíso de papelão. Somos filhos de Deus e herdeiros dos séculos, conquistando valores, de experiência em experiência, de milênio a milênio".

Assim, no reino mineral, o princípio espiritual refletiria a sua presença nas manifestações das forças de atração e coesão com que as moléculas se ajuntam em característicos sistemas cristalográficos.
No reino vegetal, mostraria maiores aquisições pelo fenômeno de sensibilidade celular.
No reino animal, o princípio inteligente somaria novas aquisições refletidas nos instintos.
No reino hominal, todo esse cabedal de experiências estaria ampliado pelos novos lastros da concientização, a carregar consigo, raciocínio, afetividade, responsabilidade e outras tantas condições que caracterizam esta fase.
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4. Princípio Inteligente

mineral - atração
vegetal - sensação
animal - instinto
hominal - razão
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a) Reino Mineral

Acredita-se que antes de unir-se ao elemento material primitivo do planeta, (o "protoplasma", na expressão de Emmanuel), dando início a vida no orbe, o princípio inteligente encontrava-se nos cristais, completando seu estágio de individualização em longuíssimo processo de auto-fixação, ensaiando, aos poucos, os primeiros movimentos internos de organização e crescimento volumétrico.

Até hoje constitui fato pouco explicado pela ciência acadêmica, de determinadas substâncias arranjarem-se sob a forma de cristais perfeitamente arrumados segundo linhas geométricas definidas, o que não deixa de ser uma organização, ainda que não um organismo.

"O cristal é quase um ser vivente", disse Gabriel Delanne. Naturalmente que não iremos pensar numa inteligência própria da matéria. Todavia, o cientista Jean Emille Charon declarou que "o comportamento das partículas interatômicas revela vida incipiente".


b) Reino Vegetal e Animal

Após adquirir a capacidade de aglutinar os diversos elementos da matéria em sua peregrinação pelos minerais, o princípio espiritual vai iniciar outra etapa de sua longa carreira evolutiva. Identifica-se com os vírus, logo a seguir com as bactérias rudimentares, as algas unicelulares e, sucedendo-as, com as algas pluricelulares. O princípio inteligente passa então a vivenciar as experiências nos vegetais mais complexos, melhor estruturados, onde ele vai adquirir a capacidade de reagir direta ou indiretamente a qualquer mudança exterior (irritabilidade) e depois a faculdade de sentir, captar e registrar as alterações do meio que o cerca (sensação) - conquistas do princípio espiritual em seu percurso pelo reino vegetal.

Mais tarde, assinala-se o ingresso da "energia pensante", no reino animal. O princípio inteligente vai desdobrar-se entre os espongiários, os celenterados, os equinodermos e crustáceos, anfíbios, répteis, os peixes e as aves, até chegar aos mamíferos. Neste imenso percurso, o elemento espiritual estará enriquecendo a sua estrutura energética, aprimorando o seu psiquismo rudimentar e assimilando os valores múltiplos da organização, da reprodução, da memória, da auto-preservação, enfim, dos diversos instintos, preparando-se para a sublime conquista da razão.

Afirma-se que a conquista maior do princípio inteligente em sua passagem pelos animais foi o instinto.

Denomina-se instinto às formas de comportamento dos organismos que não são adquiridas durante a vida, mas herdadas. São impulsos naturais involuntários pelo qual os seres executam certos atos de forma mecânica, sem conhecer o fim ou o porquê desses atos (como o gato enterrar suas fezes e urina, ou certos pássaros fazerem seus ninhos de certa forma).

No entanto, em muitos animais, especialmente nos animais superiores (macaco, cão, gato, cavalo, muar e o elefante), já identifica-se uma inteligência rudimentar. Além dos atos instintivos, observa-se, às vezes, atitudes que demandam certo grau de perspicácia e lucidez. Seria uma forma primitiva de inteligência relacionada apenas a coisas que importam à auto-preservação do animal.

André Luiz diz que nos animais superiores observa-se um pensamento descontínuo e fragmentário, a partir do qual vai desenvolver-se o pensamento contínuo do reino honimal.
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Conquistas do Princípio Inteligente

Atração: capacidade de aglutinar os elementos da matéria;
Sensação: faculdade de reagir aos estímulos do meio;
Instinto: atitudes espontâneas, involuntárias, reflexas, características da espécie;
Razão: consciência que o indivíduo tem de si mesmo e do meio que o cerca.
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c) Reino Hominal

Afirma André Luiz que, para alcançar a idade da razão, com o título de homem, dotado de raciocínio e discernimento, o ser automatizado em seus impulsos, no caminho para o reino angélico, despendeu nada menos que um bilhão e meio de anos.

Com a conquista da razão, aparece o raciocínio, a lucidez, o livre-arbítrio e o pensamento contínuo. Até então, o progresso tinha uma orientação centrípeta, ou seja, de fora para dentro; o ser crescia pela força das coisas, já que não tinha consciência de sua realidade, nem tampouco liberdade de escolha. Ao entrar no reino hominal, o princípio inteligente - agora sim, Espírito - está apto a dirigir a sua vida, a conquistar os seus valores pelo esforço próprio, a iniciar uma evolução de orientação centrífuga (de dentro para fora).

Mas a conquista da inteligência é apenas o primeiro passo que o Espírito vai dar em sua estadia no reino hominal. Ele deverá agora iniciar-se na valorosa luta para conquistar os valores superiores da alma: a responsabilidade, a sensibilidade, a sublimação das emoções, enfim, todos os condicionamentos que permitirão ao Espírito alçar-se à comunidade dos Seres Angélicos.


Bibliografia:

Evolução em Dois Mundos - André Luiz/Chico Xavier - Waldo Vieira
No Mundo Maior - Cap. IV - André Luiz/Chico Xavier
Mecanismos da Mediunidade - André Luiz/Chico Xavier
Morte Vida Renascimento - Hernani Guimarães Andrade
Impulsos Criativos da Evolução - Jorge Andréa
A Caminho da Luz - Emmanuel/Chico Xavier
Evolução Anímica - Gabriel Delanne
Biologia - Helena Curtis