O BOM PASTOR

O BOM PASTOR
“Eu sou o Bom Pastor.. O Bom Pastor dá a vida por suas ovelhas”.

domingo, 20 de junho de 2010

O REPOUSO


Nas respostas que deram às questões de ns. 682 e 684, formuladas por Kardec, nossos amigos espirituais nos esclarecem que “o repouso é uma lei da natureza, sendo uma necessidade para todo aquele que trabalha”, e mais: que “oprimir alguém com trabalho excessivo é uma das piores ações”, constituindo-se, mesmo, grave transgressão do Código Divino.

Com efeito, o 4º mandamento preceitua:

“Lembra-te do dia de sábado, para o santificares. Seis dias trabalharás e farás todas as tuas obras, mas o sétimo dia é o sábado, isto é, o dia de descanso do Senhor teu Deus. Nesse dia não farás obra alguma, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem teu escravo, nem tua escrava, nem teu animal, nem o peregrino que vive de tuas portas para dentro.”

Julgamos interessante elucidar, nesta oportunidade, que a substituição do repouso no sábado, como era observado entre os judeus, pelo domingo, como atualmente é de uso entre nós, carece de importância. Isso começou com os primeiros cristãos. Eles continuavam a frequentar as sinagogas aos sábados, mas, a par disso, tomaram o hábito de reunir-se também no primeiro dia da semana judaica (domingo), a fim de celebrarem a ressurreição de Jesus. Com o decorrer do tempo, foram deixando de comparecer às sinagogas e, consequentemente, apenas o domingo passou a ser observado por eles.

Os que advogam a observância do sábado, talvez se apóiem nas razões anexas do referido mandamento, conforme o Êxodo: “Porque o Senhor fêz em seis dias o céu, a terra, o mar, e tudo o que neles há, e descansou no sétimo dia: por isso o Senhor abençoou o dia sétimo, e o santificou.”

Sabe-se, agora, entretanto, que os seis “dias” da criação não foram dias de 24 horas, como alguns ainda. supõem, mas sim longos períodos milenares.

Além disso, em Deuteronômio, as reflexões aduzidas para recomendar esse mandamento são outras, bem diferentes: “Para que descanse o teu escravo, e a tua escrava, como tu também descansas. Lembra-te de que também serviste no Egito, e que de lá te tirou o Senhor teu Deus.”

Como se vê, aqui não se alude ao sábado como sendo o dia em que o Criador teria descansado de Sua obra; apela-se, simplesmente, para os sentimentos de caridade dos judeus, para que, nesse dia, concedam o merecido descanso igualmente ao elemento servil, inclusive aos animais, porqüanto todos precisãm de repouso para o refazimento de suas energias.

O Decálogo, ninguém o ignora, baseia-se na lei natural, e a folga semanal não é mais que uma questão de higiene.

Assim sendo, quer guardemos o sábado (sábado significa descanso), ou o domingo, o que importa é que o façamos segundo o espírito da Lei, e esta o que recomenda é que após seis dias de trabalho, dedicados ao provimento do indispensável ao nosso bem-estar corporal, reservemos pelo menos um dia para o repouso, consagrando-o ao cultivo dos valores espirituais.

Isto, aliás, era o máximo que, naquela época, podia obter-se de homens embrutecidos e materializados cujos ideais se concentravam unicamente na conquista de bens terrenos e que, para consegui-los, não hesitavam em sobrecarregar familiares, servos e animais, obrigando-os a penosas jornadas de trabalho, de sol a sol, nos 365 dias do ano.

Por incrível que pareça, muitos homens, em pleno século 20, dominados pela ambição, continuam a impor-se tal regime (estendendo-o a outrem, sempre que lhes permitam dar largas ao seu poder de mando), e ainda se jactam disso, como se fôssem heróis dignos dos maiores aplausos, quando, ao revés, só merecem lástima.

Sim, porque hoje que a vida urbana se caracteriza por uma agitação contínua, exigindo-nos um gasto excessivo de energias físicas e mentais, a necessidade que todos temos de repousar periodicamente tornou-se. maior, e, daí, o estar-se generalizando a chamada “semana inglesa”, com cinco dias de trabalho e dois de descanso além das férias anuais, que lia alguns decênios já se Constitui um direito universal.

Trabalhemos, pois, “até o limite de nossas forças”, já que o trabalho é uma bênção; cuidemos porém, de evitar a exaustão e a estafa, antes que esses males nos conduzam à neurastenia ou ao esgotamento nervoso.

Livro As Leis Morais. Rodolfo Calligaris.

LEI DO TRABALHO


O limite do trabalho é o das forças. Em suma, a esse respeito Deus deixa inteiramente livre o homem.

O repouso serve para a reparação das forças do corpo e também é necessário para dar um pouco mais de liberdade à inteligência, a fim de que se eleve acima da matéria.

A guarda do sábado, recomendada por Moisés, foi para fazer cumprir o terceiro mandamento do Decálogo.

Jesus mostrou, através das palavras do evangelista Marcos, que o sábado foi feito em contemplação do homem e não o homem em contemplação do sábado.

Síntese do Assunto:

O trabalho é lei da Natureza mediante a qual o homem forja o próprio progresso, desenvolvendo as possibilidades do meio ambiente em que se situa, ampliando os recursos de preservação da vida, por meio da satisfação das suas necessidades imediatas na comunidade social onde vive; apresenta-se ao homem como meio de elevação e como expiação de que tem necessidade para resgatar o abuso das forças, quando entregues à ociosidade ou ao crime, na sucessão das existências pelas quais evolui. Não fora o trabalho e o homem permaneceria na infância primitiva, sendo por Deus muitas vezes facultado ao fraco de forças físicas os inapreciáveis recursos de inteligência, mediante a qual granjeia progresso e respeito, adquirindo independência econômica, valor social e consideração, contribuindo poderosamente para o progresso de todos.

Do trabalho mecânico, rotineiro, primitivo, puro e simples, à automação, houve um progresso gigante que ora permite ao homem o abandono das tarefas rudimentares, entregues a máquinas e instrumentos que ele mesmo aperfeiçoou, concedendo-lhe tempo para a genialidade criativa e a multiplicação de atividades em níveis cada vez mais elevados.

O trabalho, portanto, é uma necessidade econômica e social, veículo de renovação, colocado na direção da criatura para construir a sua própria felicidade. Como nos ensinam os Espíritos, o limite do trabalho é o das nossas forças; isso deixa claro que sendo, como é, fonte de equilíbrio físico e moral, o trabalho deve ser exercido por quanto tempo nos mantenhamos válidos.

Sendo o trabalho uma lei natural, o repouso é conseqüente conquista a que o homem faz jus para refazer as forças e continuar em ritmo de produtividade.

O repouso se lhe impõe como premio de esforço despendido, sendo-lhe facultado o indispensável sustento nos dias da velhice, quando diminuem o poder criativo, as forças e a agilidade na execução das tarefas ligadas à subsistência.

Na tentativa de fazer cumprir a lei de Deus contida no terceiro mandamento (Lembrai-vos de santificar o dia de sábado), Moisés recomenda a santificação do sábado não só no sentido restrito do termo, mas num sentido bem mais amplo: “Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem teu servo, nem atua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro”. O sábado é visto, pois, como um dia especial da semana onde a ninguém é permitida qualquer atividade. Ora, acontece que Jesus, o mesmo Jesus que disse não ter vindo destruir a lei e os profetas, mas cumpri-los, trabalha, ensina, cura os males do corpo e do espírito em qualquer dia da semana onde apareça uma necessidade. Aparentemente estaria revogando um Mandamento. Na realidade, Jesus não revogou qualquer lei divina. Queria é que compreendêssemos o verdadeiro sentido do Terceiro Mandamento: “O sábado foi feito em contemplação do homem e não o homem em contemplação do sábado”, como diz Marcos. Sua instituição representa uma medida útil, pois que destinada a proteger o corpo do esgotamento resultante do excesso de trabalho.

Reservemos um dia para o descanso do corpo, mas consagremo-lo de modo especial a Deus, santificando-o, ainda mais, se possível, do que os outros dias da nossa existência, pela prática de obras que atestem o nosso amor aos outros homens e ao Pai Celestial. Por esse motivo Jesus alimentou, pregou, curou a obsessão que uma mulher trazia havia já dezoito anos ou a mão ressequida de um homem, entre tantos benefícios realizados, mostrando que todo dia é dia para a prática do bem.

Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita - FEB

A QUESTÃO DO SÁBADO


Mat. 12:1-8
1. Naquela ocasião, num sábado,passou Jesus pelas
searas; e tendo fome, seusdiscípulos começaram a
colher espigas e a comer.
2. Vendo isto os fariseus disseram-lhe: "Teus discípulos
estão fazendo o que não é lícito aos sábados”.
3. Mas ele disse-lhes: "não lestes o que fez Davi, quando
ele e seus companheiros tiveram fome?
4. como entrou na casa de Deus e comeram os pães da
"proposição", que não lhe era lícito comer, nem a seus
companheiros, mas somente aos sacerdotes?
5. ou não lestes na lei que, aos sábados, os sacerdotes no
templo violam o sábado e ficam sem culpa?
6. Digo-vos, porém: aqui está o que é maior que o templo.
7. Mas se tivésseis sabido o que significa "misericórdia
quero e não um sacrifício", não teríeis condenado os
inocentes,
8. porque o Filho do Homem
é senhor do sábado".
Marc. 2:23-28
23. E aconteceu que caminhando Jesus pelas searas
num sábado, seus discípulos ao passarem, começaram
a colher espigas.
24. E os fariseus lhe perguntaram:
"olha, por que fazem e1es no Sábado o que não é lícito”?
25. Respondeu-lhes ele: “Nunca lestes o que fez Davi,
quando teve necessidade e fome, ele e seus companheiros?
26. Como entrou na casa de Deus, sendo Abiatar sumo sacerdote,
e comeu os pães "proposição", os quais só
aos sacerdotes era lícito comer, e ainda os deu a
seus companheiros”?
27. E acrescentou: “o Sábado foi feito por causa não do
homem, e não o homem por causa do Sábado;
28. assim o Filho do Homem é senhor também do Sábado”.
Luc. 6:1-5
1. Aconteceu num sábado passar Jesus pelas searas e
seus discípulos colhiam espigas e debulhando-as com
as mãos, as comiam.
2. Perguntaram alguns dos fariseus: "por que fazeis o
que não é lícito nos sábados"?
3. Respondeu-lhes Jesus: "Nem ao menos lestes o que
fez Davi, quando teve fome, ele e seus companheiros?
4. como entrou de Deus, tomou e comeu os pães da
"proposição", que somente aos sacerdotes era lícito
comer, e os deu também aos que com ele estavam?
5. E acrescentou: "O Filho do Homem é senhor também
do sábado

O fato de poder "respigar" (colher espigas já maduras), assegura-nos que estamos no início do verão (segunda quinzena de maio; nesse ano, podia tratar-se do dia 22 de maio, que caiu num sábado). Jesus atravessava um campo de trigo com seus discípulos, e eles tinham fome.
Era permitido pela lei mosaica (Deut. 23:26) que o viandante que atravessasse um campo cultivado, e tivesse fome, pudesse colher de seus frutos para alimentar-se. Mas acontece que estávamos num sábado, e nesse dia era proibido "ceifar" (Êx. 34:21). Ora, para o rigorismo exagerado dos fariseus, "respigar" e "ceifar" não se distinguiam ...
Traz Jesus à balha o exemplo de Davi e de seus companheiros, quando fugiam da perseguição de Saul(1 Sam. 21:1-6), e chegando a Nob, onde se achava o sumo sacerdote Achimelec, comeram os pães da "proposição". Assim eram chamados os 12 pães que, cada Sábado, eram colocados em duas pilhas de seis, sobre uma mesa (ou altar) de ouro (3.º Reis.7:48), e só dali eram retirados no sábado seguinte.
Desses pães, após terem sido retirados "da presença de YHWH", somente os sacerdotes podiam comer(Lev. 24: 5-9).
Note-se que, em Marcos, Jesus fala do sumo-sacerdote Abiathar, quando na realidade não o era ainda.
Os fatos passaram-se assim: fugia Davi, quando passou rela casa de Achimelech e pediu pão para si e para seus companheiros. Não os tendo em casa, Achimelech levou a todos ao santuário de YHWH,apanhou os pães da proposição e deu-os. Pouco após, denunciado pelo edomita Doeg, Saul mandou assassiná-lo e a toda a sua família ( 1 Sam. 22:6-23), por terem dado hospitalidade a Davi. Mas o filho de Achimelech, de nome Abiathar, conseguiu escapar, reunindo-se ao bando fugitivo de Davi; este, ao
ser coroado rei de Israel, fê-lo sumo sacerdote, cargo que ocupou praticamente durante todo o reinado de Davi. Não se pode dizer que há erro de copista", porque todos os manuscritos e códices são unânimes em colocar Abiathar. Mas pode Ter havido um engano da parte do evangelista, que não era infalível. Com isso, Jesus demonstrava que a necessidade abolia o Sábado. Mas outro exemplo é trazido: os sacerdotes, no templo, não violam o sábado ao imolar as vítimas, porque o sacrifício ordenado pela Torah é superior à observância sabática.
Aparece então uma afirmativa solene: aqui está algo (no neutro) que é maior que o templo". Repete, então, a frase de Oséias (6:6) já anteriormente citada: a misericórdia é superior a um sacrifício, e termina com a assertiva: "o Filho do Homem é o senhor do Sábado, não só porque ele, Jesus, era o próprio YHWH que o havia instituído, como também porque todos os filhos dos homens são superiores
e senhores de quaisquer ordenações, quando estas vêm prejudicar suas necessidades vitais. Porque o sábado foi feito por causa do homem, e não o homem feito por causa do sábado".
A lição anterior podia escandalizar muitos discípulos sinceros, embora de mentalidade estreita, que haviam seguido rigorosa e conscientemente os preceitos, que julgavam "divinos", de suas próprias igrejas (não só os discípulos daquela época, mas os de todos os tempos, inclusive os atuais, tenham que denominação tiverem: israelitas, muçulmanos, católicos - romanos ou reformados -, espíritas,
hindus, etc.) A este é dada outra lição sublime, simbolizada na crença mais firme e arraigada naquela população: o sábado.
Jesus ensina, claramente, que todo e qualquer preceito por mais "divino" que seja tido, é dado em benefício do homem. Logo, o homem é superior aos preceitos, sejam eles quais forem, e podem resolver, quando em união com Deus, o que melhor lhes convenha.
Logicamente está claro: quando a personalidade ainda domina, os preceitos lhe são dados para controlar os abusos: são os trilhos e os fios elétricos, aos quais se prende o trem. Mas quando a individualidade assume o comando, não mais necessita disso: é o avião, que tem para locomover-se a amplidão dos céus, só sendo obrigado a sujeitar-se às regras terrenas, quando está em contato próximo com a terra, com a personalidade.
O exemplo do que fez Davi é típico. Mas a frase do ensinamento esclarece melhor: o sábado (os preceitos religiosos) foi feito para (ajudar) o homem; e não absolutamente o homem foi feito por causa do sábado (dos preceitos); então, é certo: aqui está uma coisa (um ensinamento, pois em grego aparece o neutro) que é maior que o templo: um ensinamento que é superior a todas as igrejas.
Os exegetas interpretam que o neutro foi colocado para "não chocar, e que Jesus se dizia Deus, confessando-se maior que o templo. Mas teria Jesus esse escrúpulo ao falar, quando o masculino e o neutro tem a mesma pronúncia? Cremos que o sentido é mesmo o do neutro, que o evangelista entendeu e escreveu: "aqui está um ensinamento que é maior que qualquer templo" ou igreja. Muito maior é a misericórdia, a bondade, a caridade, o amor, do qualquer sacrifício que se realiza nos templos".
E por isso, "não deveis condenar inocentes". Aqueles que, no decorrer dos séculos, condenaram ao suplício, à fogueira, à morte moral e material tantos inocentes, faziam isso em nome de Jesus, para "dar-Lhe glória", julgando-se seus únicos discípulos legítimos ... Como é difícil, às personalidades vaidosas, penetrar o sentido exato dos ensinamentos de Jesus! Os judeus condenaram verbalmente os
discípulos de Jesus, e o Mestre imediatamente protestou; que terá Ele feito, quando Seus próprios discípulos (ou que "se diziam" tais), se esmeraram em condenar a sofrimentos indizíveis, durante séculos, tantos milhões de criaturas, cujo único "crime" era não pensar como eles?
O Filho do Homem (isto é, todo aquele que já vive na Individualidade, mesmo como encarnado na Terra) é o senhor do sábado. Quer dizer que, quem tenha conseguido viver na Consciência Cósmica, na perfeita união com o CRISTO INTERNO, esse é senhor de qualquer de seus atos, superior aos preceitos, por mais importantes que pareçam às pequenas personalidades temporárias e ignorantes dos mistérios profundos das riquezas da sabedoria e da ciência de Deus (cfr. Rom. 11:33)

CARLOS TORRES PASTORINO - SABEDORIA DO EVANGELHO II

NA CONSTRUÇÃO DA FÉ


A grande jornada começa de um passo.
Os grandes espetáculos de habilidade intelectual ou da resistência física alcançam iniciação justa na alfabetização e na ginástica.
A natureza jamais altera os princípios de seqüência em que confere plena execução às Leis do Senhor.
Assim também, no campo espiritual da vida é imprescindível recordar que nunca removeremos as montanhas da dificuldade fora de nós, sem superarmos as pedras que nos afligem por dentro.
Lembremo-nos de que o edifício mais complexo é formado de insignificâncias numerosas e saibamos erguer, tijolo a tijolo, as paredes do nosso santuário de confiança indestrutível.
Para isso, é preciso fixar as próprias forças no trabalho de nossa auto-educação, dia a dia, convertendo os pequeninos obstáculos de nossa vida interior em recursos de nosso aperfeiçoamento.
Nem sempre somos chamados às demonstrações públicas de cultura e sublimação, mas todos encontramos, no curso das horas incessantes, ocasiões de treinamento para a construção do templo da fé viva em nossa alma.
Tropeços escuros ameaçam-nos a ascensão do espírito.
Aqui, é a palavra contundente que nos fere ou magoa, ali é a ingratidão que nos visita na forma de impermeabilidade ou indiferença...
Agora, é a maledicência que nos tenta a leviandade, mais tarde, é a sugestão das trevas inclinando-nos à perturbação e ao crime...
Hoje, é o parente que se transforma em verdugo de nosso coração, amanhã, é o amigo que deserta de nossas melhores esperanças.
Aqui, é um diretor áspero e cruel, mais além, é um subordinado que nos induz à amargura e ao desespero...
Agora, é o desequilíbrio daqueles que mais amamos, depois, será a enfermidade, martelando-nos a resistência moral...
Indispensável amar, crer, esperar e tolerar sempre...
Guardemos serenidade e avancemos para adiante.
O mundo é casa de Deus, a humanidade é a nossa Família e o burilamento de nossa própria personalidade ainda é o trabalho essencial a fazer...
Edifiquemos a compreensão e a bondade dentro de nós, servindo, ajudando, elevando, esquecendo todo mal e, criando a simpatia e a cooperação ao redor de nossos passos, seremos surpreendidos pela claridade da fé que à maneira de bênção do Céu, virá esclarecer-nos o coração, iluminando-nos a vida.

(Francisco Cândido Xavier por Emmanuel. In: Mãos marcadas).

sábado, 19 de junho de 2010

O INGRATO E SEU OPOSTO


O ingrato tortura-se e aflige-se a si mesmo; odeia os benefícios que recebe por ter de retribuí-los, procura reduzir a sua importância e, pelo contrário, agigantar enormemente as ofensas que lhe foram causadas. Há alguém mais miserável do que um homem que se esquece dos benefícios para só se lembrar das ofensas? A sabedoria, pelo contrário, valoriza todos os benefícios, fixa-se na sua consideração, compraz-se em recordá-los continuamente. Os maus só têm um momento de prazer, e mesmo esse breve: o instante em que recebem o benefício; o sábio, pelo seu lado, extrai do benefício recebido uma satisfação grande e perene. O que lhe dá prazer não é o momento de receber, mas sim o fato de ter recebido o benefício; isto é para ele algo de imortal, de permanente. O sábio não tem senão desprezo por aquilo que o lesou; tudo isso ele esquece, não por incúria, mas voluntariamente. Não interpreta tudo pelo pior, não procura descobrir o culpado do que lhe sucedeu, preferindo atribuir os erros dos homens à fortuna.

Não atribui más intenções às palavras ou aos olhares dos outros, antes procura dar do que lhe fazem uma interpretação benevolente. Prefere lembrar-se do bem que lhe fizeram, e não do mal; tanto quanto pode, guarda na memória os benefícios precedentes e não muda de disposição para com aqueles a quem deve algum favor a não ser que as suas más acções sejam de longe mais graves, numa desproporção evidente mesmo a quem não a quer ver; e até neste caso o sábio terá por eles, depois de uma considerável ofensa, sentimentos idênticos aos que tinha antes do favor recebido. Na realidade, mesmo quando a ofensa é equivalente ao benefício, permanece na nossa alma um certo sentido de benevolência.

Séneca, in 'Cartas a Lucílio'