O BOM PASTOR

O BOM PASTOR
“Eu sou o Bom Pastor.. O Bom Pastor dá a vida por suas ovelhas”.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

O Aparelho Psíquico

O Aparelho Psíquico – Uma proposta a partir da obra de André Luiz
Roberto Lúcio Vieira de Souza Médico-Psiquiatra – Vice-Presidente da AME-Brasil Introdução Um estudo sobre a visão espírita da mente deve iniciar com as informações das obras de André Luiz,psicografadas por Chico Xavier e Waldo Vieira. As principais anotações encontram-se no livro “No Mundo Maior”,capítulo 03,ditado ao médium Chico Xavier. No entanto,em vários tópicos de suas obras encontram-se informações preciosas a serem apreciadas. No capítulo,André Luiz retrata o cérebro em três grandes áreas,como a biologia já indicava,mas ampliando a abordagem sob o ponto de vista espiritual. É necessário lembrar que uma divisão do aparelho psíquico em três grandes áreas já estava também presente nos textos de Freud,o grande estudioso e criador da Psicanálise. A Neurociência vem,nos últimos anos,avançando suas pesquisas na compreensão de certos aspectos da vida psíquica,clareando certas colocações freudianas,o que deu campo para a criação de uma nova sub-especialidade:a neuropsicoanálise. Não se pode negar a importância desse estudo para a melhor compreensão da realidade espiritual. Além de explicar o processo evolutivo,no aspecto prático,auxilia na identificação das posturas do espírito em sua caminhada e quais os elementos psíquicos precisam ser acionados para sua melhoria espiritual. O Relato de André Luiz – Obra “No Mundo Maior” Vejamos,portanto,o que relata o autor espiritual na obra citada,no capítulo 03: “ – No sistema nervoso,temos o cérebro inicial,repositório dos movimentos instintivos e sede das atividades subconscientes;figuremo-lo como sendo o porão da individualidade,onde arquivamos todas as experiências e registramos os menores fatos da vida. Na região do córtex motor,zona intermediária entre os lobos frontais e os nervos,temos o cérebro desenvolvido,consubstanciando as energias motoras de que se serve a nossa mente para as manifestações imprescindíveis no atual momento evolutivo do nosso modo de ser. Nos planos dos lobos frontais,silenciosos ainda para a investigação científica do mundo,jazem materiais de ordem sublime,que conquistaremos gradualmente,no esforço de ascensão,representando a parte mais nobre de nosso organismo divino em evolução.” (pág. 46 – 14ªedição). E prossegue na página seguinte: “ – Não podemos dizer que possuímos três cérebros simultaneamente. Temos apenas um que,porém,se divide em três regiões distintas. Tomemo-lo como se fora um castelo de três andares:no primeiro situamos a “residência de nossos impulsos automáticos”,simbolizando o sumário vivo dos serviços realizados;no segundo localizamos o “domicílio das conquistas atuais”,onde se erguem e se consolidam as qualidades nobres que estamos edificando;no terceiro,temos a “casa das noções superiores”,indicando as eminências que nos cumpre atingir. Num deles moram o hábito e o automatismo;no outro residem o esforço e a vontade;e no último demoram o ideal e a meta superior a ser alcançada. Distribuímos,desse modo,nos três andares,o subconsciente,o consciente e o superconsciente. Como vemos,possuímos,em nós mesmos,o passado,o presente e o futuro”. Uma breve visão do aspecto anatômico relatado no texto Na realidade,os orientadores espirituais ensinam que as estruturas do sistema nervoso são a parte mais desenvolvida e próxima do perispírito. Este conjunto,com função bastante especializada,foi construído progressivamente,desde os seres mais elementares com algum protótipo de sistema neural.No atual estágio,o sistema nervoso do homem é a “máquina” mais desenvolvida que se têm acesso,reunindo todas as conquistas nesse campo,sendo que as áreas mais evoluídas foram estruturadas a partir das experiências anteriores. Portanto,cada região cerebral antiga transformou-se em alicerce para a futura,principalmente no que concerne a funções complementares. Neste conjunto de órgãos e estruturas encontram-se elementos pertencentes a seres bastante antigos – e muitos já extintos – dos quais carregam mecanismos de informações e funções que são primárias para a humanidade atual,mas fundamentais para a preservação da vida e da espécie. Esse conjunto é chamado de “cérebro reptiliano” e compreende o tronco cerebral e porções do diencéfalo. Nele moram os reflexos e os instintos. Pode-se dizer que ela é a base instintiva sobre a qual se assentam os sentimentos. Ele dá a medida da reação emocional diante de quaisquer desafios. É também chamado de Complexo-R,sendo,portanto,a região mais antiga e primitiva da massa cinzenta. É o centro de agressão/sobrevivência da existência. As emoções básicas que governam o homem,como medo,raiva,alegria e preocupação,emanam deste primeiro estágio do cérebro. A segunda grande divisão do cérebro,de acordo com André Luiz,englobaria aquelas regiões que formam o chamado sistema límbico,o qual contem os centros emocionais e a partir de onde se constroem novas ferramentas,originando a memória e a aprendizagem. O denominado terceiro cérebro é constituído de todas estruturas chamadas de neocórtex,fruto de uma camada cortical mais externa que se sobrepõem as mais antigas,e dos lobos frontais. A Importância da Visão de André Luiz Em primeiro lugar,essa visão demonstra com clareza os aspectos da evolução da estrutura cerebral,em consonância com a teoria de Darwin e com o que está presente na biologia,reafirmando as informações apresentadas por Kardec,em “O Livro dos Espíritos”. Explica que todas as conquistas da individualidade estão implementadas também no corpo físico,a maioria inconsciente,e podem ser acionadas ou despertadas,de conformidade com a postura do espírito em nova encarnação. Com isso,demonstra a causa das de tendências e aptidões,que podem não estar relacionadas exatamente com as heranças familiares,mas com conquistas pessoais reencarnatórias inconscientes. Esta marca psíquica mostra,também,como pode ocorrer um processo obsessivo ou o mecanismo da sintonia mediúnica em casos de aparente discrepância vibratória entre os espíritos,pois haveria uma vinculação com o passado e não com a vivência atual da criatura. Clarifica a razão da grande ação das forças instintivas na vivência do espírito,por se acharem presentes em sua herança;as quais são fundamentais para a sobrevivência,mas mantêm o encarnado muito próximo da animalidade. Como o hábito e o automatismo são os senhores desta instância,será preciso grande esforço para as mudanças necessárias,com investimento de tempo,definido individualmente dentro das perspectivas e conquista do espírito. Esforço que reside na instância seguinte e é presidido pela vontade. Por isso,a importância do chamado “segundo cérebro”,onde a criatura constrói o presente e demarca a continuidade da sua caminhada.Sem ele não é possível mudar os rumos necessários,ou perseverar no caminho das vitórias. A proposta de André Luiz sobre para o “terceiro cérebro” é inovadora. Nela,encontramos a explicação para o enigma das chamadas áreas silenciosas do cérebro. Regiões aparentemente sem função,nesse estágio atual de vida humana. Ele relata que o Superconsciente carrega de forma latente todos os referenciais evolutivos do espírito. Assim,futuros padrões de vivências e funções ainda desconhecidos estariam desenhados e projetados na estrutura cerebral atual,mas não atuantes pela incapacidade de utilizar-se deles por agora. Essa colocação fornece a certeza da evolução e de todos atributos do Criador,pois determina que todas as criaturas devem evoluir e que têm o mesmo fim:a perfeição e a felicidade. Confirma a moderna teoria que associa as teorias da evolução e do criacionismo,falando sob o “Designer Inteligente”. Nessa visão não há níveis de valores. Todos os elementos são importantes e imprescindíveis para cada etapa,mas devem ser substituídos ou aprimorados,de conformidade com o momento vivido,para se alcançar os propósitos maiores da criação. No sentido prático,essa visão detecta e denuncia a postura comodista ou rebelde da maior parte da humanidade que,apesar de possuir recursos anatômicos e de vivência para caminhar mais além,teima em se portar como criaturas em processo evolutivo primário. O grande instrumento para o momento é essa segunda grande área,denominada por André Luiz como Consciente. A vontade e o esforço são armas poderosas para a transformação humana. Elas são dirigidas pela razão,sem a qual é impossível,nesse momento,mudar o rumo e tomar novo posicionamento.A aquisição de conhecimentos na atualidade amplia o espectro de ação da razão,fortalecendo a oportunidade da mudança. Mesmo os processos que envolvem o sentimento precisam de uma tomada de consciência,além do exercício constante da persistência. Jesus,o grande terapeuta dos homens,posicionou-se claramente sobre cada uma dessas etapas do desenvolvimento humano,definindo propostas coerentes para cada etapa. O Mestre fala da caminhada evolutiva,afirmando:“Ora,ninguém subiu ao céu,senão o que desceu do céu,o Filho do homem,que está no céu”. (João 3:13). Ou seja,que o espírito – que vem de Deus – necessita “descer do céu” (encarnar) para poder crescer e evoluir (“subir ao céu”). Tal verdade é reafirmada em João 3:5:“Na verdade,na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do espírito,não pode entrar no Reino de Deus”,demonstrando a reencarnação como instrumento de crescimento e aprimoramento. Direcionando-se às criaturas presas aos prazeres terrenos,Jesus assim se manifesta:“Ninguém tira um pedaço dum vestido novo para o coser em vestido velho,pois que romperá o novo e o remendo não condiz com o velho”. (Lc. 5:36). Assim,é preciso que o homem se transforme,busque nova postura e condicionamento. O homem que habita as regiões psíquicas do Consciente é uma criatura de conhecimento,que já vislumbrou novos propósitos e metas,mas que,geralmente,permanece no comodismo e rebeldia,repetindo os descaminhos de outros momentos. Para esse Jesus traz uma imensa lição:“Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro,se perder a sua alma? Ou que dará o homem em recompensa da sua alma?” (Mt. 16:26) e ainda afirma no versículo 24 do mesmo capítulo,referindo-se ao exercício da vontade:“Se alguém quiser vir após mim,renuncie-se a si mesmo,tome sobre si a sua cruz,e siga-me”. Desse modo,é necessário que a criatura reflita nos verdadeiros objetivos da vida,para agir com renúncia e esforço. Deve abandonar velhos hábitos e condutas viciosas,criando condicionamentos novos que,posteriormente,transformar-se-ão em atos espontâneos. A postura do homem do futuro está na seguinte fala do Cristo:“Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça,e todas estas coisas vos serão acrescentadas”. (Mateus 6:33). Para ele haverá o cumprimento das palavras de Jesus:“Pedi,e dar-se-vos-á;buscai e encontrareis;batei e abrir-se-vos-á”. (Mt. 7:7). A partir do momento que ele já sabe da Lei e a realiza em si,todas as possibilidades se concretizam em sua vida e mais que “filho do homem” – fruto do seu processo evolutivo -,ele se transforma em “filho de Deus” – herdeiro da criação e semelhante ao Pai.